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⭐ Piracicaba, 10 de outubro de 2024 ⭐

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Piracicaba ajudou vítimas no mais grave desastre natural da história da Europa em 1908

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A imigração europeia para o Brasil foi um fenômeno bastante expressivo ao longo da segunda metade do século XIX, motivado especialmente pela necessidade de mão de obra agrícola, a partir da gradual abolição da escravatura. A quantidade de italianos dentre aqueles que chegavam ao país se destacava; segundo documento do IBGE sobre a imigração italiana no país, foram mais de 1 milhão de italianos aportando em terras brasileiras entre 1876 e 1900, grande parte em São Paulo.

A fazenda Ibicaba, localizada na Freguesia de Limeira – à época, pertencente à Vila Nova da Constituição, atual Piracicaba –, foi uma das primeiras de São Paulo e do Brasil a receber os europeus para o trabalho nas lavouras de café. Dali em diante, a presença de italianos na região apenas cresceu.

É sabido que a história da Itália conta com frequentes problemas sísmicos. No contexto do início do século XX, a madrugada do dia 28 de dezembro de 1908 foi marcada por uma catástrofe para os habitantes de Sicília e Calábria, regiões do sul da Itália: um terremoto de magnitude de momento de 7,1 se deu às 5 horas da manhã e durou 37 segundos. Como consequência do terremoto, poucos minutos depois houve também um tsunami no estreito de Messina, que separa a península italiana da ilha da Sicília. Diversas cidades ao longo da costa nordeste da Sicília e da Reggio Calabria – que, em grande parte, contavam com construções de alvenaria não reforçada –  foram destruídas.

O acontecimento é considerado, hoje, o mais grave desastre natural da história da Europa em número de vítimas: a maioria das cidades perdeu pelo menos metade de sua população. Estima-se que ocorreram, no total, entre 100 e 200 mil mortes.

Dias depois do ocorrido, em 4 de janeiro de 1909, a Câmara Municipal de Piracicaba aprovou a resolução 127, que autorizava o prefeito – naquele momento, Fernando Febeliano da Costa – a entregar ao agente consular italiano em Piracicaba a quantia de 500 liras, moeda italiana do período, a fim de destiná-las às vítimas do terremoto de Messina, uma vez que muitos dos sobreviventes do desastre perderam suas casas. É possível que os italianos que habitavam a cidade à época tivessem, ainda, familiares em Calábria e Sicília, uma vez que muitos eram oriundos destas regiões.

Assinaram a resolução os vereadores em legislatura Francisco Morato, Alfredo José Cardoso, Aquilino José Pacheco, José Ferreira da Silva, Fernando Febeliano da Costa, Manoel Ferraz de Camargo e Manoel da Silveira Correa.

O documento que traz a resolução faz parte do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligado ao Departamento Administrativo e de Documentação da Casa. É possível acessar sua versão digitalizada e sua transcrição nos arquivos disponibilizados em anexo nesta página.