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Esalq reinaugura Edifício Central após restauro interno e da fachada

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Após cerca de 900 dias, terminou o trabalho de restauro do Edifício Central da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). A entrega da obra foi feita simbolicamente na tarde de sexta-feira, 5/7, quando a Esalq recebeu a visita do reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.

O Edifício Central integra o conjunto arquitetônico do campus Luiz de Queiroz, da USP em Piracicaba, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 2006, enquadrado na categoria de bem cultural, histórico, arquitetônico e ambiental como Patrimônio Público Estadual.

Por se tratar de uma edificação tombada, as obras da atual intervenção começaram no início de 2022 após a chegada de um ofício do Condephaat. O documento apresenta orientações sobre a preservação dos fatores históricos e construtivos do prédio, considerando toda a área da fachada, assim como todos os ornamentos, gradis de ferro, gateiras, portas etc. No total, a restauração do Edifício Central da Esalq envolveu cerca de uma centena de trabalhadores da construção civil, do básico ao acabamento, prestadores de serviço internos e externos.

O reitor da USP manifestou sua satisfação com o resultado do trabalho de restauro feito na Esalq. “O prédio ficou muito bonito, fiquei impressionado com a qualidade do restauro do prédio. Eu sei o quanto é difícil fazer obra pública de qualidade, mas aqui estamos diante de um trabalho muito bem feito”. Para o dirigente, a recuperação dos espaços que carregam parte da história da universidade permite projetar o futuro da USP. “É sempre bom estarmos em prédios históricos porque não mostram o nosso passado. Então, quando nós olhamos o nosso passado, vemos uma universidade extremamente cuidadosa com a sua criação, com a sua estabilização, com a sua responsabilidade financeira, com o seu financiamento. Então, isso que nós aprendemos no passado, nós temos que utilizar para planejar o nosso futuro”, complementou o reitor.

A diretora da Esalq, professora Thais Vieira, destaca a importância do Edifício Central no imaginário das pessoas e o significado de preservá-lo e adaptá-lo às atuais demandas. “O que eu posso dizer como diretora, como professora, como ex-aluna da Esalq também é que o Edifício Central é o ícone, é a primeira imagem que vem à mente da maioria das pessoas que estudaram na Esalq, que passaram pela Esalq ou que vêm até a Esalq para se exercitar. É um dos símbolos máximos da escola, estampado em materiais de divulgação de Esalq, em camisetas feitas pelos centros acadêmicos, por grupo de extensão, associações de alunos, reprodução como réplica, reprodução em quadros, entre outros. Por isso é tão importante que ele esteja adaptado, não somente preservado, mas adaptado para atender às demandas de acessibilidade e segurança, que cada vez mais tornam-se necessárias”.

Reforma – Na parte interna do edifício, houve ampliação nas áreas de banheiros e copas e, para melhor atender às demandas do público, foram trocados os pisos das áreas molhadas por um piso porcelanato, e instaladas novas bancadas de mármores, cabines de bacias sanitárias e banheiros para PCD. As áreas que possuem piso de madeira (aproximadamente 3.600m²) foram lixadas, calafetados e tiveram aplicação de sinteco. Nas mesmas também foram instalados forro de gesso (2.280m²) com um novo sistema de ar condicionado embutido (45 maquinas novas), sistema de incêndio (8 quadros de hidrantes), além da remodelação da iluminação e da infraestrutura elétrica por canaletas para evitar o máximo de intervenções futuras. Ainda internamente, o edifício também conta agora com nova recepção e as Salas da Congregação e do Centenário foram remodeladas com novo tratamento acústico, restauro e troca do mobiliário, além da instalação de novo sistema de áudio e vídeo. Os corredores, escadarias e as cadeiras do Salão Nobre também foram revitalizados.

Fachada – A área externa do Edifício Central, conhecida por sua imponente fachada e extensos jardins que circulam o prédio, também foi cuidada durante esses mais de dois anos. O telhado foi reformado e a fachada recebeu atenção especial, uma vez que foi lavada, recebeu novos condutores de água e o barrado inferior, que soma cerca de 3700 m2, foi refeito (os pontos quebrados, rachados e/ou danificados mais altos da fachada também foram considerados). Aliás, o trabalho no barrado e a necessidade de preservação das características do projeto inicial exigiram da equipe de obras um exercício de pesquisa.

Para refazer as partes que estavam deterioradas devido ao tempo, como o barrado e áreas que a pintura se perdera, foi utilizado o método de investigação pictórica. As prospecções pictóricas caracterizam as camadas de acabamentos que se sobrepõem aos elementos da edificação ao longo dos anos e dos vários períodos de ocupação. Assim, as cores e os acabamentos identificados e demonstrados são registrados e catalogados por comparação, tendo como referência a tonalidade mais próxima existente em algum dos vários catálogos de cores à disposição no mercado. No caso do barrado, foram elencadas algumas áreas de atenção onde foram executadas diversas aberturas de faixas estratigráficas (ponto de prospecção pictórica) em cada elemento arquitetônico de interesse, tais como esquadrias, ornamentos e panos lisos da fachada. Os pontos das prospecções foram numerados, descritos e analisados separadamente no laboratório Ntpr – Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Restauração da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia UFBA, em Salvador. Nessa análise do barrado, os materiais encontrados para recompor todo perímetro danificado foram Cau, Mica, Areia e Argila. Assim, a partir de vários testes com quantidades e coloração, chegou-se a uma composição harmônica, e com o auxílio de desempenadeiras corrugadas 18×30 e 7 profissionais qualificados para a execução do serviço.

Paisagismo – Um novo paisagismo foi instalado no entorno do prédio. A moldura natural da edificação símbolo da Esalq conta agora com espécies como Lavandula dentata, Agelonia Archangel Dark Rose, Impatiens Clockword e Agapanto. Foram plantadas ainda duas mudas de cycas no centro do canteiro e mais de 2.000 mde grama Batatais.

A atual gestão da Esalq trabalha ainda para que outros pavilhões passem pelo processo de restauro e adaptação. “Nessa gestão, a prioridade é preservar e restaurar os demais prédios que compõem o conjunto arquitetônico do campus. A modernização e a restauração, passam para que todos os prédios tenham o auto de vistoria do corpo de bombeiros (AVCB), garantindo acessibilidade e segurança. Por isso a Esalq está trabalhando agora com os projetos para a recuperação, para a restauração e adaptação de outras edificações porque são todos prédios muito importantes e que, no seu conjunto, formam a harmonia do campus”, complementa a diretora da Esalq.

Durante sua fala, o reitor da USP anunciou a liberação de investimentos para reforma, na Esalq, do pavilhão da Engenharia, do pavilhão da Horticultura e do Museu Luiz de Queiroz. Na cerimônia de descerramento da placa que marca o restauro do Edifício Central da Esalq, estiveram presentes o vice-diretor da Esalq, Marcos Milan, o prefeito do campus, Luciano Mendes, além de funcionários que trabalham na USP em Piracicaba.

Ontem e hoje – Projetado em estilo neoclássico, pelo arquiteto inglês Alfred Brandford Hutchings, o Edifício Central se mantém como símbolo maior da Escola até os dias de hoje. Suas obras tiveram início em 1905 e sua inauguração ocorreu no dia 14 de maio de 1907. O prédio possui quatro pavimentos e soma mais de 4.800 m2 de área construída, contando 182 janelas, vitrôs e portas de acesso. Entre 1941 e 1945 o Edifício Central passou por uma ampliação, com a construção do terceiro andar, onde hoje está localizado o gabinete da Diretoria. Após a ampliação da década de 1940, a edificação ainda passou por remodelações e reformas gerais entregues em 1986 e 2004.

Além dos gabinetes da Diretoria da Esalq e da prefeitura do campus, o Edifício Central abriga setores administrativos da Escola, por onde trabalham cerca de setenta servidores públicos.

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