Calouros foram obrigados a se deitar de bruços e alunas a se ajoelhar diante do Prédio Central; universidade afirma que ainda não recebeu denúncia formal

A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) denunciou a realização de trotes considerados humilhantes na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP).

A denúncia foi feita após a divulgação de imagens em que calouros aparecem deitados de bruços e alunas ajoelhadas em frente ao Prédio Central da unidade.

As cenas, segundo a entidade, reforçam práticas vexatórias que ainda persistem em rituais de recepção de novos alunos, mesmo com a existência de três leis estaduais que proíbem trotes violentos ou degradantes em instituições de ensino.

Universidade convoca Conselho para tratar do caso

Em nota oficial, a Universidade de São Paulo informou que não recebeu, até o momento, denúncias formais sobre o ocorrido.

No entanto, reconheceu a gravidade das imagens e anunciou que irá convocar o Conselho de Repúblicas, formado por representantes das moradias estudantis, para discutir a situação e apurar eventuais responsabilidades.

A Esalq é uma das unidades mais tradicionais da USP e mantém, historicamente, uma cultura de repúblicas e trotes que frequentemente gera debates sobre os limites do acolhimento estudantil e a preservação da dignidade dos calouros.

Debate entre tradição e respeito

A Adusp criticou a omissão institucional diante do episódio e cobrou ações mais contundentes para prevenir e punir práticas que violem os direitos dos estudantes.

Em sua avaliação, a tolerância com trotes abusivos contribui para a normalização de violências simbólicas e físicas no ambiente universitário.

Estudantes ouvidos pela reportagem apontam que há uma pressão velada para participar dos rituais de integração, mesmo quando eles envolvem desconforto ou submissão.

Outros afirmam que experiências positivas e acolhedoras também ocorrem, mas que os excessos precisam ser enfrentados com seriedade.