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⭐ Piracicaba, 20 de abril de 2025 ⭐

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10 adolescentes esperam por adoção em Piracicaba

Adoção Adolescentes Lar Franciscano
Com informações da Agência Brasil.

Além deles, quatro crianças também estão aptas para serem adotadas, de acordo com levantamento da Vara da Infância e Juventude

“Eu rezo toda noite para que uma família venha me buscar”. Essa foi, talvez, a frase que melhor resuma a angústia vivida por um adolescente de 16 anos que está apto para adoção em Piracicaba, em entrevista ao Piracicaba Hoje.

Caso as preces dele não sejam ouvidas, aos 18 anos “será ele por ele mesmo”. Porque, quando chega à maioridade, o adolescente apto para adoção precisa deixar a instituição onde está abrigado.

Adoção Adolescentes Interno Lar Franciscano

De acordo com levantamento realizado pela Vara da Infância e Juventude de Piracicaba, a pedido do PH, há 10 adolescentes e quatro crianças aptas à adoção na cidade, atualmente, acolhidos em instituições.

Ou seja, cujos pais já foram destituídos do poder de família, por sentença já transitada em julgado”, explicou o assistente judiciário Rodrigo Testa Valencise.

A adoção de adolescentes é mais difícil e, não há alternativa após os 18 anos. Será preciso deixar o local onde está abrigado. “Eu estou sempre na expectativa de encontrar uma família que possa mudar a minha história”, diz o adolescente, que mora no Lar Franciscano.

Ainda assim, ele se prepara da maneira como pode para enfrentar a vida sozinho. “Estou em busca de trabalho, para que eu tenha alguma renda e possa juntar para, quando eu sair daqui, poder ter um lugar para morar”, disse.

“As coisas que eu já passei, ninguém merece passar. Não ter uma família presente e não ter chances de ter uma família. Eu diria (para uma família que pudesse me adotar) que seria bom um recomeço”, diz. Apesar das dificuldades, ele frequenta escola normalmente, joga futebol, gosta de cinema e de livros. “Quero seguir a carreira de dublagem. Gosto de interpretar um personagem”, afirma.

Adoção Adolescentes Lar Franciscano - Thaís Rosante Chorilli
Thaís Rosante Chorilli é coordenadora do Lar Franciscano

O Lar Franciscano atende crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, de ambos os sexos.

São crianças que estão em situação de acolhimento por determinação judicial. Em algum momento elas sofreram a violação dos direitos dela e o Judiciário entendeu que seria necessário o acolhimento. Então solicita a vaga para a prefeitura, que é com quem temos o convênio”, diz a coordenadora do Lar Franciscano, Thaís Rosante Chorilli.

A aproximação da maioridade torna o problema ainda mais grave quando a criança ou adolescente apta para adoção tem alguma deficiência. “Em Piracicaba nós não temos um serviço específico para esses adolescentes com necessidades especiais. Ainda está sendo estudado para onde vão esses adolescentes”, explica Thaís.

Para o adolescente apto para adoção, o Lar Franciscano o insere em programas de estádio e formação para ajudar prepara-lo para viver sozinho. “Eles estudam e são inseridos nos projetos que a prefeitura oferece. São sempre incentivados a trabalhar para conseguir uma renda e se manter após os 18 anos”, diz.

No País

Quase nove mil crianças e adolescentes em todo o País aguardam uma família em meio a um total de 43,6 mil pessoas que constam como pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção. De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), na última década, mais de 9 mil adoções foram realizadas no país, sendo 420 entre janeiro e maio deste ano.

A entidade informou que, por meio do cadastro eletrônico, criado em 2008, varas de infância de todo o país passaram a se comunicar com maior facilidade, o que agilizou as chamadas adoções interestaduais. Até então, os processos de adoção dependiam de busca manual por parte das varas de infância para conseguir uma família.

Para a presidente da organização não governamental Projeto Aconchego, Soraya Pereira, os números são consequência da falta de políticas públicas ao longo de muitos anos e da demora em se olhar para o contexto do abrigamento e do acolhimento. Segundo ela, grande parte dessas quase nove mil crianças e adolescentes é composta por grupos de irmãos e por menores com algum tipo de deficiência.

Não podemos deixar tudo só nas costas dos pretendentes. Todo mundo fala que eles só querem criança pequena, que só querem menina. Mas esse perfil já mudou. Vivemos hoje um gargalo que vem lá de trás e cuja consequência está vindo agora. Temos até mesmo falta de profissionais trabalhando no processo que antecede o abrigamento. Há vários aspectos a serem analisados”, disse Soraya.

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