Venezuelanos representam a maioria; especialistas apontam crise humanitária e aumento da imigração como principais fatores

O número de estrangeiros beneficiários do Bolsa Família ultrapassou a marca de 170 mil famílias em 2024, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

O aumento representa uma alta de mais de 500% em relação a 2019, quando havia aproximadamente 26,5 mil famílias de estrangeiros cadastradas no programa social.

Os venezuelanos lideram a lista, com cerca de 84,9 mil famílias inscritas atualmente, um salto expressivo frente às 6,6 mil registradas há cinco anos.

A elevação está diretamente relacionada ao avanço da crise humanitária na Venezuela, que tem forçado milhares de pessoas a buscar abrigo e melhores condições de vida no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Sudeste.

De acordo com estimativas, considerando um pagamento médio de R$ 780 por família, o custo anual com beneficiários estrangeiros pode chegar a R$ 1,7 bilhão.

O Bolsa Família é destinado a famílias em situação de vulnerabilidade social, independentemente da nacionalidade, desde que cumpram critérios como renda familiar per capita e frequência escolar dos filhos.

Especialistas apontam que o crescimento no número de estrangeiros atendidos reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à integração social e econômica de imigrantes, bem como o aprimoramento dos mecanismos de fiscalização para garantir que os recursos cheguem às famílias que realmente necessitam.

Procurado, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social informou que o programa mantém sua função essencial de combate à pobreza e que a presença de estrangeiros é resultado do compromisso do Brasil com o acolhimento humanitário.

O tema também movimenta o debate político, com parlamentares defendendo a revisão das regras de acesso ao benefício, enquanto outros destacam a importância do caráter humanitário da política social brasileira.

*Como está a situação em Piracicaba?*

Piracicaba registra atualmente 465 imigrantes e refugiados inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), conforme levantamento da Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família.

O número representa um crescimento expressivo em comparação a 2019, quando eram 170 pessoas cadastradas.

De acordo com informações oficias, a maioria dessas pessoas vive com até meio salário mínimo por integrante da família, o que as torna elegíveis para programas sociais como o Bolsa Família.

Atualmente, Piracicaba contabiliza 13.595 famílias beneficiadas pelo Bolsa Família (dados de janeiro de 2025), após uma redução de cerca de 12% em relação ao início de 2024, quando eram 15.490 famílias.

Essa diminuição está associada ao processo de revisão cadastral promovido pelo Governo Federal, que identificou inconsistências de renda e composição familiar em parte dos registros.