Proposta prevê carteira gratuita para pessoas de baixa renda e amplia exigência de exame a todos os novos condutores
A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana o Projeto de Lei 3965/2021, que traz duas mudanças relevantes para quem busca tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias A (motocicletas) e B (automóveis).
A proposta estabelece a criação da chamada CNH Social, voltada a pessoas de baixa renda, e passa a exigir exame toxicológico para todos os candidatos à primeira habilitação, não apenas para motoristas profissionais.
Com a aprovação, o projeto segue agora para sanção presidencial.
CNH gratuita para população de baixa renda
Uma das principais inovações do projeto é a autorização para que parte dos recursos arrecadados com multas de trânsito seja utilizada no custeio da primeira habilitação para condutores inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
A medida busca facilitar o acesso à CNH por pessoas em situação de vulnerabilidade social, contribuindo para sua inserção no mercado de trabalho e mobilidade urbana.
A chamada CNH Social já era adotada de forma pontual por alguns estados, como Pernambuco, Maranhão e Espírito Santo. Agora, a proposta ganha caráter nacional com financiamento público vinculado diretamente ao Sistema Nacional de Trânsito.
Exame toxicológico passa a ser exigido para novas CNHs
Outra mudança significativa é a extensão da obrigatoriedade do exame toxicológico para os candidatos à primeira habilitação nas categorias A e B — medida que antes se aplicava apenas às categorias C, D e E, destinadas a motoristas profissionais, como caminhoneiros e condutores de ônibus.
O exame, que detecta substâncias psicoativas como cocaína, maconha, anfetaminas e opiáceos com janela de até 90 dias, deverá ser realizado em clínicas credenciadas ao Detran.
Caso o resultado seja positivo, o candidato não poderá concluir o processo de habilitação até obter um novo laudo com resultado negativo.
A obrigatoriedade visa aumentar a segurança nas vias públicas, ao garantir que novos condutores não estejam sob influência de entorpecentes.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) comemorou a aprovação, destacando o papel do exame na prevenção de acidentes.
“Os dados demonstram que o exame toxicológico é um dos pilares para a prevenção de acidentes de trânsito. Ampliar sua adoção em todo o ecossistema de mobilidade é uma medida que pode salvar milhares de vidas”, afirmou Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.
Opiniões divergentes no Congresso
Apesar do apoio majoritário, o projeto dividiu opiniões na Câmara. Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), a medida extrapola o objetivo original do exame toxicológico, que era voltado a motoristas profissionais.
Já a deputada Soraya Santos (PL-RJ) defendeu a medida como forma de prevenção de acidentes, argumentando que o custo do exame é inferior ao de um eventual tratamento hospitalar.
Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) revelou que 83% da população brasileira apoia a medida, o que reforçou a aceitação da proposta entre os parlamentares.
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Próximos passos
Aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto agora segue para análise do Senado Federal e, em seguida, para sanção presidencial. Caso entre em vigor, as novas regras valerão para todo o território nacional.