Ao nos arriscarmos, ficamos mais abertos aos desafios que a vida traz e percebemos que nossos projetos têm mais chance de darem certo, quando são certos.
Causos…
Perdi as contas de quantas vezes fui ao colégio de bicicleta. E também em quantas delas fui parar no chão no meio do caminho.
Acontece que quando a gente é criança e vive num emaranhado de esparadrapos, carrega os cotovelos esfolados por aí como se fosse coisa grande.
Na infância, os machucados são tidos como imensas honrarias, títulos de nobreza, a marca de uma aventura que – ainda que malsucedida – nos distingue dos meninos da rua de baixo porque, enfim, respiramos fundo e tomamos coragem de nos arriscar entre uma ou outra traquinagem na volta para casa.
Com sorte, nunca parei de ralar os joelhos. Tanto e de tal modo que meus amigos sempre sabem que eu perdi alguma coisa quando esbarram em um objeto manchado de laranja, tudo culpa daqueles frasquinhos de antisséptico que insistem em estourar dentro da bolsa.
Continuo por aí, cheio de remendos.
Como se as minhas decisões – acertadas ou não – fossem se costurando na pele através de pequenas cicatrizes, marcas e arranhões que decidiram ficar comigo depois de tudo.
De vez em quando, claro, tentei me livrar desses rabiscos.
A gente, quando cresce, fica com essa mania de apagar todos os riscos.
Não só os que o tempo e a vida escreveram em nosso corpo. Mas também aqueles que cercam os nossos desejos, os sonhos que temos, as oportunidades que acenam lá de longe.
Na vida adulta, arriscar-se, aceitar novas empreitadas, soa como algo distante, da infância, coisa de quem não tem muito juízo. Às vezes, é preciso perdê-lo para acertar as contas.
“Quando eu falava para as pessoas que eu ainda não sabia andar de bicicleta, elas ficavam muito surpresas ou admitiam que também não sabiam”, devia ter 4 ou 5 anos de idade.
Mas bastaram alguns minutos para que se soltassem e se aventurassem por um ou outro tombo. Muitas vezes sem perceber que foi exatamente aquele frio inicial na barriga que as levaram até ali.
“Nossa sociedade supervaloriza a ideia da segurança“.
E muitas pessoas perseguem isso como um ideal de vida, como se fosse bom não ter conflito, desequilíbrio, alguma decepção. Acontece que essa sensação de estabilidade, que nos leva a permanecer na tal zona de conforto, funciona mais ou menos como aquelas rodinhas que nos acompanham desde a primeira bicicleta.
Elas nos deixam mal-acostumados e nos forçam a seguir em linha reta sem tombos. E aí fica muito mais difícil aprender a pedalar em duas rodas e sem apoio. Ou viver. Arriscar-se não tem nada a ver com sentir-se seguro, mas com enfrentar aquilo que nos tira do eixo.
Não à toa, uma das maiores felicidades da infância é quando saímos por aí em ziguezague .
Por isso, pare e pense em tudo o que você tem se ancorado quando bate aquele medo de se arriscar e as coisas não darem certo. Será que não está na hora de pegar a sua chave de rodas e afrouxar os próprios parafusos?
“A vida muda o tempo todo e temos que ter essa habilidade de variar com o mundo, de nos sentirmos livres, sem qualquer amarra, porque aí somos mais capazes para agir e criar diante dos nossos problemas”.
Alguns parafusos a menos nos levam a perceber que a vida, acima de tudo, é uma aposta. Isso não significa que devemos ficar à mercê de estatísticas que, a primeira vista, parecem ser um daqueles bichinhos que grudam na gente e ficam ali remoendo as nossas possibilidades.
Claro, quando falamos em arriscar – seja para aprender a andar de bicicleta ou largar aquele emprego chato – invariavelmente pensamos nas chances de algo dar certo ou não. E, dentro da margem de erro, é fácil apostar que os nossos sonhos são improváveis e que as coisas vão dar errado.
Não existe uma receita pronta para ser feliz. E a vida também não permite atalhos.
Cada jornada é única: cabe a nós ter coragem para trilhar o nosso caminho e não aquele cheio de tijolos amarelos, que nos apontam rumo à estabilidade financeira, prestígio social, ternos e gravatas. Porque se a gente não pegar para viver os nossos sonhos, vai acabar vivendo o dos outros.
E, aí, o único risco que corremos é o de passar nossa jornada decepcionados por não termos conseguido nos encaixar nas expectativas que nos foram propostas.
“Quantas vezes não nos encontramos com uma pessoa que tem uma situação de vida considerada ideal, um bom emprego, uma família como manda o figurino, uma situação financeira estável e está insatisfeita, deprimida, infeliz?”.
É um equívoco acreditar que existe um ideal comum que devemos perseguir. Por isso, é preciso ter “a mente aberta, manter a espinha ereta e o coração tranquilo”, parafraseando a música “Coração Tranquilo”. “Quando fazemos o que não gostamos, acho que a chance de dar errado é até maior”.
Eu posso não ter renda fixa, férias ou finais de semana, ter que aprender um monte de coisas que não estão entre as minhas preferidas, mas sei que na minha vida eu quero ser feliz. E vou correr atrás disso. Acho que as coisas têm mais chance de dar certo quanto são certas e preferencial para a gente”.
Toda vez que damos um passo, todo o nosso mundo sai do lugar. Talvez, por isso, seja tão difícil dar o pontapé inicial nessa coisa de ser feliz.
Aquilo que jurávamos mais certo, a fé que tínhamos em nossas verdades, no nosso mundo, vão se desfazendo vagarosamente quando aceitamos começar uma nova jornada.
“E, devagar, o tempo transforma tudo em tempo”.
O ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo.
Os assuntos que julgávamos mais profundos, mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, transformam-se devagar em tempo.
Por si só, o tempo não é nada. A idade não é nada. A eternidade não existe ,nessas encruzilhadas em que a vida nos aponta um novo jeito de seguir, todas as coisas que jurávamos mais certas para nós – um emprego de anos, um casamento, a vocação da adolescência – se desfazem no instante de um olhar, de um beijo, e o nosso mundo desmorona como um castelo de areia.
Se arriscar, enfim, tem a ver com a nossa capacidade de ser imprudente, de se deixar ruir para perceber que podemos nos reconstruir e remodelar a todo momento. E para isso, não precisamos de grandes justificativas, de um motivo certo. “Porque, quando a gente se arrisca, também se questiona se o que está fazendo é loucura. Mas passa. É só pensar: se não der certo, a gente começa de novo. Sempre dá tempo”.
A vida é um risco…
Estou sendo otimista com essa coisa de correr riscos … claro sempre não dando muita chance para o azar e também entendo que, às vezes, quando a gente se joga pode dar com a cara na parede.
Mas, por mais que talvez você se encontre certo da sua felicidade, confortável em sua cadeira enquanto lê essas palavras, pode ser que no próximo parágrafo o destino lhe pregue uma peça.
“A vida se transforma rapidamente. Muda num instante. Você se senta para jantar e aquela vida que você conhecia acaba de repente?
Só para finalizar……Nosso propósito é elevar a consciência para que as pessoas vivam melhor e dentro de suas condições e possibilidades Não tenham medo da vida.. se é para arriscar-se por um bom motivo que te agrade e faça feliz…..ARRISQUE-SE.
Dr. Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
Médico Piracicabano.