Medidas protecionistas ampliam instabilidade nos mercados e acentuam temores de guerra comercial global
O dólar voltou a superar a marca de R$ 6,00 nesta terça-feira (8), após a Casa Branca confirmar a aplicação de uma tarifa adicional de 50% sobre as importações da China, que eleva para 104% a taxação total sobre os produtos chineses nos Estados Unidos.
A medida, que entra em vigor nesta quarta-feira (9), é mais um desdobramento do chamado “tarifaço global” promovido pelo governo do presidente Donald Trump.
Por volta das 15h10, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,9758, com alta de 1,10%. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0023, pressionando o real e refletindo o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores.
Já o Ibovespa, principal índice da B3, operava em queda de 0,72%, aos 124.687 pontos, dando continuidade à tendência de baixa registrada na véspera, quando caiu 1,31%.
Entenda o que está pressionando os mercados
A escalada nas tensões entre Washington e Pequim ocorre após a China manter a retaliação tarifária de 34% contra os EUA, desconsiderando o prazo imposto por Trump para recuo, que expirou nesta terça-feira.
Em resposta, o governo americano confirmou o novo aumento das tarifas, o que levou a uma reação imediata do mercado financeiro.
Kevin Hassett, assessor econômico da Casa Branca, declarou que os Estados Unidos estão priorizando negociações com aliados estratégicos, como Japão e Coreia do Sul, mas reforçou que a postura com a China será firme.
O clima de incerteza tem provocado forte volatilidade nas bolsas internacionais, com os investidores migrando de ativos de risco para opções mais seguras, como o dólar.
Essa movimentação contribui para a valorização da moeda americana frente a divisas emergentes, como o real.
Impactos globais
Os mercados europeus e asiáticos tiveram leve recuperação nesta terça, após sucessivos dias de queda. No entanto, os efeitos acumulados do aumento das tarifas seguem afetando o valor de mercado das maiores empresas do mundo.
Somente entre quinta (3) e sexta-feira (4), as sete maiores empresas de tecnologia dos EUA — Apple, Amazon, Alphabet (Google), Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla — perderam US$ 1,8 trilhão em valor de mercado, segundo dados da consultoria Elos Ayta.
Além disso, o governo chinês anunciou que vai restringir a exportação de terras raras aos Estados Unidos — matérias-primas cruciais para a indústria de tecnologia, como gadolínio, térbio e disprósio.
A medida entra em vigor já nesta sexta-feira (11), e é vista como uma retaliação estratégica de longo prazo.
Perspectivas econômicas
Economistas alertam que o cenário atual pode impulsionar a inflação global, ao tornar os produtos e insumos mais caros, e também provocar uma queda na demanda mundial, com risco de desaceleração econômica ou até recessão nos EUA e em outros países fortemente ligados ao comércio internacional.
“Com tarifa no mundo inteiro, tudo fica mais caro até que o comércio global pare”, afirmou o analista financeiro Vitor Miziara.
A União Europeia, por sua vez, demonstrou interesse em evitar um agravamento da disputa e busca um acordo comercial com os EUA para afastar a possibilidade de tarifas recíprocas.
A Casa Branca, porém, rejeitou propostas anteriores por considerá-las insuficientes.
📊 Resumo dos indicadores (até 15h10):
💵 Dólar: R$ 5,9758 (+1,10%), máxima de R$ 6,0023
📉 Ibovespa: 124.687 pontos (-0,72%)
📈 Semana: Dólar +1,29% | Ibovespa -1,31%
📆 Mês: Dólar +3,59% | Ibovespa -3,59%
📉 Ano: Dólar -4,35% | Ibovespa +4,41%