Dionisio Neto vive o filho Franz e o pai Hermann Kafka.
Em turnê desde 2017 emocionando corações de pais e filhos pelas mais diversas cidades brasileiras, o solo Carta ao Pai, de Franz Kafka, estrelado por Dionisio Neto (Carandiru, A Dona do Pedaço, O rei da tv) chega ao Sesc Piracicaba para a sua 60.a apresentação.
– Quantos espetáculos chegam a essa marca hoje em dia no Brasil? Quero fazer pelo menos 100 apresentações e mandar fazer uma placa comemorativa como aprendi na Cidade do México, onde apresentei Comala e batemos uma centena de sessões.
Esta apresentação no Sesc Piracicaba está bem madura, curtida.
O segredo para apresentar uma peça a tanto tempo é sempre descobrir algo novo.
Quando parar de descobrir, a peça estará morta.
E esta obra prima de Franz Kafka é infinita em suas camadas de profundidade e extrema sensibilidade.
Não tem como não se identificar com o pai ou com o filho. é uma verdadeira catarse que estou propondo com este espetáculo de auto-expressão.
A encenação é inspirada no expressionismo alemão, movimento contemporâneo à época em que a carta nunca entregue a seu pai foi escrita.
Dionisio também se inspirou no estilo Spalding Gray – ator americano que apresentava-se sentado em uma mesa atrás de uma cadeira apenas.
– Uma bela tarde a Fernanda Torres ligou para mim me convidando para assistir ao ensaio geral de seu A casa dos budas ditosos no CCBB de São Paulo.
Na plateia estávamos apenas eu e o Domingos Oliveira (diretor da peça).
Ao final eu disse-lhe que aquela mesa que ela usava a cobria e que a gente queria ver suas pernas, seu corpo inteiro.
Uma mesa de vidro foi colocada pela sua produtora imediatamente após o ensaio.
A Nanda foi a primeira pessoa que eu ouvi falando do Spalding Gray.
Sua peça tem este estilo. Eu quis dialogar com ela, com o Spalding e também coloquei uma escrivaninha para o Franz escrever a peça.
Contudo eu explodo este formato no final do espetáculo com o monólogo do pai Hermann que Franz escreveu imaginando como ele responderia à sua carta.
O escritor judeu e advgado Franz Kafka, autor de O Processo, A metamorfose, O castelo, entre muitos outros.
Dionisio também dialoga com seu mestre das artes cênicas, o saudoso Antunes Filho com quem trabalhou por três anos no CPT (Centro de Pesquisas Teatrais) do Sesc.
– Eu assisti uma entrevista dele na TV Cultura em que ele falava que o homem só será livre quando tiver auto expressão.
Aquela frase mexeu profundamente comigo e no dia seguinte eu comecei a ensaiar sozinho a peça na minha sala.
Fiz uma apresentação para vinte pessoas, a recepção foi surpreendente, e então nunca mais parei.
São oito anos em turnê em casas, apartamentos, escolas, bibliotecas, teatros, auditórios, centros culturais e outros espaços alternativos. A peça, como Antunes dizia, é centrada na atuação.
Se você tirar tudo e deixar só o ator, é o que importa.
Antunes Filho
SINOPSE
Em um sanatório, internado com tuberculose no auge do inverno, o oprimido e doente autor judeu Franz Kafka (Dionisio Neto) escreve uma carta para seu pai, o opressor comerciante Hermann Kafka, em que fala do seu medo da figura paterna e da sua relação com ele em um acerto de contas de anos.
A carta presta contas sobre seu passado tirano e propõe soluções para o convívio pacífico entre os dois.
Por interferência de sua mãe, a carta nunca foi entregue ao seu destinatário.
O espetáculo propõe uma reflexão sobre a relação entre pais e filhos, opressores e oprimidos e fala da leveza da vida através de um viés sombrio, ao estilo do autor. Dionisio vive o pai e o filho.
FICHA TÉCNICA
Adaptação, direção, figurinos, cenografia, trilha e produção DIONISIO NETO
Iluminação, operação de som e luz: ROBERTO HERRERA BUENO
Fotos: ISRAEL ZUCKER
Assessoria de imprensa: ADRIANA MONTEIRO (OFÍCIO DAS LETRAS)
Vídeo: Beto Perocini
Interferência cenográfica: DAVID SCHUMAKER
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 anos
DURAÇÃO 50 minutos