Uma língua saudável apresenta cor clara ou rosa média

A língua é um órgão muscular, com função importante para o paladar, deglutição e a fala. Uma língua saudável apresenta cor clara ou rosa média. Especialistas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) falam sobre a importância da língua para a saúde bucal e geral.

O ato de higienizar a língua é importante para evitar a proliferação de mau hálito. O presidente do Grupo de Trabalho de Halitose, Dr. Mário Sergio Giorgi, explica que a região posterior do dorso da língua produz alteração no hálito. O profissional ainda diz que, pela língua possuir uma anatomia irregular, favorece o acúmulo de células epiteliais descamadas, bactérias e restos de alimentos.

Esses elementos formam a saburra lingual, que possui uma coloração branca ou amarelada. Uma língua saudável não deve apresentar manchas, lesões, inchaços, dor, alteração no formato, tamanho e problemas de movimento e coordenação.

Para controle da halitose, a remoção da saburra lingual se faz necessária, impactando até mesmo a percepção de sabores. A remoção deve ser feita com um limpador de língua, da parte posterior para a anterior, com movimentos delicados.

Limpador ou escova para a higienização de línguas

“O limpador e a escova podem ser utilizados, mas precisam ter indicação e a técnica ensinada para ter eficiência e atraumaticidade”, orienta o presidente do Grupo de Trabalho de Halitose do CROSP.

Dr. Mário salienta que a remoção da saburra com limpador deve ser treinada e orientada a fim de não provocar ferimentos na língua. Para quem optar por escova de dente para a higienização, a indicação de escova deve ser com um perfil da cabeça baixo e com cerdas de nylon para, em movimentos circulares, remover o biofilme lingual.

“O mau hálito é um odor desagradável proveniente da cavidade oral e pode ser classificado em halitose genuína ou imaginária. O mau cheiro está associado à cavidade oral (boca) e os principais responsáveis por essa halitose são os chamados compostos sulfurados voláteis (CSVs), que estão depositados sobre a língua (saburra). Estudos têm demonstrado também que a halitose está relacionada à diminuição da produção de saliva; portanto é necessário tomar água – pelo menos 2 litros ao dia”, esclarece o Dr. Mario Sérgio Giorgi.

A língua e as doenças

No Brasil, em 2021, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), 4878 homens morreram com câncer na cavidade oral. O presidente da Câmara Técnica de Estomatologia, Dr. Fábio Alves, afirma que o câncer de boca está mais frequentemente relacionado ao tabaco e ao álcool. A lateral da língua e o assoalho da boca são as regiões mais afetadas. O profissional alerta para as pessoas prestarem atenção nas feridas que não se cicatrizam no período de 15 dias, pois devem ser avaliadas por um cirurgião-dentista.

“O câncer de língua manifesta-se como úlceras persistentes, áreas avermelhadas ou esbranquiçadas, endurecidas e indolores no início. O tabagismo e o consumo de álcool são fatores de risco importantes. Se notar alterações persistentes na língua, é fundamental procurar um cirurgião-dentista para uma investigação adequada”, orienta o Dr. Fábio Alves.

Doenças gerais

“A língua pode refletir a saúde de um indivíduo e muitas condições/doenças sistêmicas podem ter reflexo na língua”, diz o presidente da Câmara Técnica de Estomatologia.

Entre as ocorrências que podem surgir pelas doenças sistêmicas da língua estão deficiências nutricionais por meio de anemia ferropriva -língua pálida e com sensação de ardor. Deficiência de vitamina B12 ou folato – língua avermelhada, brilhante e dolorida. Pacientes com imunossupressão podem apresentar candidíase oral, causando ardor e sensação de queimação. A candidíase oral pode ser o primeiro sinal de várias condições sistêmicas, dentre elas a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Outra alteração da língua que pode indicar imunossupressão é a presença de linhas brancas que aparecem na borda da língua, geralmente bilaterais. Essa alteração é conhecida como língua pilosa. Doenças endócrinas como a Diabetes Mellitus também estão associadas ao maior risco de candidíase, língua seca e ardor.

Uma alteração da sensibilidade comum em mulheres acima de 50 anos, conhecida como síndrome da boca ardente, pode causar sensação de queimação intensa na ponta da língua e outras regiões da boca. Pode estar relacionada a alterações neurológicas e afeta muito a qualidade de vida dos pacientes, segundo o especialista em Estomatologia.

O risco de perder a língua

Uma das principais causas da perda de parte da língua ou sua totalidade é o câncer. O atraso no diagnóstico do câncer de boca pode causar defeitos relevantes ao paciente. O tratamento geralmente é cirúrgico e, para a cura do paciente, requer a remoção de todo o tumor e consequentemente amputação da língua. Traumas também podem causar perda importante de estrutura da língua.

Língua saudável e higiênica

O presidente da Câmara Técnica de Estomatologia do CROSP, Dr. Fábio Alves, alerta que a higienização da língua deve ser feita logo após escovar os dentes, a fim de manter a saúde da boca. A higiene da língua deve ser feita diariamente – em especial, pessoas com saburra lingual intensa devem realizar a limpeza pelo menos duas vezes ao dia.

A alimentação e a hidratação são importantes para a manutenção da saúde bucal:

“Beber água regularmente ajuda a manter a boca limpa e evita o acúmulo excessivo de biofilme. Alimentos fibrosos (como maçã, cenoura e pepino) auxiliam na remoção mecânica de resíduos da língua”, esclarece o especialista.

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