Manter a vacinação em dia é um investimento na saúde e qualidade de vida do idoso
A vacinação é uma medida de proteção importante para todos os períodos da vida, desde a infância até a fase adulta. Na terceira idade não é diferente.
Pouco se fala dos benefícios que a vacinação pode trazer para o público idoso, uma vez que, devido à idade avançada e às condições de saúde que caracterizam essa faixa etária, se torna uma população mais vulnerável, sujeita a complicações.
Sabe-se, hoje, que as vacinas são capazes de aumentar a expectativa de vida dos idosos. Elas não só prolongam, mas melhoram a qualidade de vida, pois previnem doenças graves.
Mas, para que essa prevenção vacinal se torne realmente eficaz, é necessário saber quais são elas, como funcionam e a sua importância. Para isso, convidamos a Enfermeira Doutora Glicinia E. Rosilho Pedroso, proprietária da PAIVACIN Vacinas, que esclarece as principais dúvidas relativas ao tema.
O que são vacinas?
As vacinas são substâncias biológicas que estimulam o sistema imunológico a desenvolver uma resposta de defesa contra agentes infecciosos, como vírus e bactérias. Elas podem conter microrganismos inativados ou atenuados, proteínas específicas ou até material genético, como nas vacinas de RNA mensageiro.
São uma das estratégias mais eficazes para a prevenção de doenças infecciosas, ajudando a controlar e erradicar epidemias, reduzir hospitalizações e proteger contra formas graves e complicações de diversas doenças.
Como as vacinas funcionam?
As vacinas estimulam o sistema imunológico a reconhecer e combater vírus ou bactérias sem causar a doença. Elas contêm versões enfraquecidas, inativadas ou partes do patógeno, ativando a produção de anticorpos e criando memória imunológica.
De uma maneira mais simples, é possível dizer que, ao receber uma vacina, o corpo “aprende” a reconhecer o agente infeccioso e cria uma memória imunológica. Assim, se a pessoa entrar em contato com o patógeno no futuro, o sistema imunológico responderá rapidamente, evitando ou reduzindo a gravidade da doença.
Qual a importância da vacinação na terceira idade?
Manter a vacinação em dia é um investimento na saúde e qualidade de vida do idoso. Com o envelhecimento, o sistema imunológico se torna menos eficiente, aumentando o risco de infecções e complicações. Assim, a imunização na terceira idade é essencial para proteger contra doenças que podem ser mais graves nessa fase da vida, como gripe, pneumonia e herpes-zóster, e também podem evoluir para complicações e hospitalizações.
Quais são as vacinas que as pessoas acima de 60 anos devem tomar? E aonde estão disponíveis?
Os calendários de imunização são anualmente revisados e atualizados. Atualmente, as vacinas recomendadas para idosos incluem:
1 Gripe (Influenza) – Aplicação anual, em dose única, para prevenir complicações graves da gripe. Existem três tipos de vacinas disponíveis:
Trivalente – Oferecida gratuitamente nas unidades básicas de saúde, protege contra três subtipos do vírus da gripe.
Tetravalente convencional – Disponível na rede privada, oferece proteção ampliada contra quatro subtipos do vírus.
Tetravalente de alta concentração (Efluelda) – Esta é uma vacina desenvolvida especialmente para idosos. Contém uma dose reforçada de antígenos, estimulando uma defesa mais eficaz e uma resposta imunitológica mais robusta, garantindo maior proteção contra formas graves da gripe. É a mais indicada para idosos, contudo está disponível apenas nas redes privadas de imunização.
2. COVID-19 – Atualizações de reforço conforme as orientações de saúde pública. As vacinas contra a Covid são oferecidas apenas pela rede pública, nas unidades básicas de saúde.
3. Pneumocócica (Pneumo 13, Pneumo 15, Pneumo 20 e Pneumo 23) – Protege contra pneumonia, meningite e outras infeções pneumocócicas. A vacina Pneumocócica 13 é oferecida na rede pública apenas à alguns grupos, de acordo com critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A vacina Pneumocócica 23 valente está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em exclusividade para grupos de risco e como rotina para asilados e institucionalizados. As demais são encontradas apenas na rede privada de imunização. O esquema vacinal depende da vacina utilizada: as vacinas Pneumo 13, Pneumo 15, Pneumo 20 são vacinas de dose única, não sendo recomendado esquemas sequenciais.
4. Herpes-zóster – Reduz o risco e a gravidade do herpes-zóster e das suas complicações, como a neuralgia pós-herpética. O esquema vacinal é de duas doses com intervalo de 60 dias entre elas. Disponível apenas na rede privada.
5 – DTPa (Difteria, Tétano e Coqueluche – reforço a cada 10 anos) – Essencial para prevenir infeções graves, especialmente o tétano. A vacina disponível na rede pública não contempla a proteção contra a Coqueluche, ou seja, o SUS oferece a vacinação contra Difteria e Tétano).
6 – Hepatite B – Indicada para quem não foi vacinado anteriormente, especialmente em pessoas com doenças crónicas. O SUS oferece esta vacina gratuitamente.
7 Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – Recomendada a partir dos 60 anos para pessoas com maior risco de evolução grave ou descompensação da doença de base pela infecção pelo VSR, como cardiopatia, pneumopatia, diabetes, obesidade, nefropatia, hepatopatia e imunossupressão. Também é recomendada para pessoas fragilizadas, acamadas e/ou residentes em instituições de longa permanência. É indicada como rotina a partir dos 70 anos, independente de fatores de risco. Dados atuais demonstram proteção sustentada por duas temporadas, ou seja, até este momento não há recomendação para revacinação ou doses de reforço.
Além dessas, outras vacinas podem ser recomendadas dependendo das condições de saúde individuais e do histórico vacinal.
Nem todas as vacinas indicadas para idosos são oferecidas gratuitamente pelo SUS. Para as pessoas que não têm condição de tomar todas as vacinas, quais seriam as melhores escolhas?
Sim! Nem todas as vacinas recomendadas para idosos estão disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde, o que pode tornar a imunização completa um desafio! Assim é sempre recomendável seguir a orientação do seu médico; também, um profissional de saúde especializado pode ajudar a definir a melhor estratégia de imunização. Essa abordagem personalizada garante que as decisões sobre vacinas sejam adequadas às necessidades específicas de cada pessoa, promovendo uma proteção mais eficaz e segura.
Para quem precisa priorizar algumas, as mais indicadas são as vacinas contra gripe, pneumocócica (para prevenção de pneumonia) e herpes-zóster, além da vacina contra a COVID-19, todas fundamentais para a proteção nessa fase da vida. Reforçando: o profissional médico que acompanha o idoso e profissional especializado em imunização podem ajudar a definir a melhor estratégia de imunização.
Para um aconselhamento vacinal personalizado, conforme as recomendações do calendário para idosos, a PAIVACIN está à disposição. Podemos ajudar a planejar a vacinação de forma equilibrada e que possa ser acessível, considerando as necessidades de saúde e a melhor forma de organização para cada cliente.
Calendário Nacional de Imunização https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-idoso.pdf
A vacinação é garantia de não contrair a doença? Ou isso pode ocorrer, mesmo em pessoas vacinadas?
A vacinação não oferece proteção absoluta contra a doença, mas reduz significativamente o risco de infeção, complicações graves e hospitalizações. Embora algumas vacinas consigam prevenir totalmente a doença, outras atuam atenuando os sintomas, caso a infeção ocorra.
A eficácia da vacina pode variar de acordo com fatores como a resposta imunológica individual, a idade e a presença de outras condições de saúde. Além disso, doenças como a gripe e a COVID-19 são causadas por vírus que sofrem mutações (mudanças) frequentes, o que pode impactar na proteção ao longo do tempo.
Por isso, mesmo após a vacinação, é importante manter cuidados preventivos e seguir as orientações de saúde para uma proteção mais completa.
Vacinas causam reações ou são perigosas para idosos?
As vacinas são seguras e mais, são recomendadas para idosos! Afinal, são uma das estratégias contra doenças e complicações que podem comprometer muito a saúde nesta etapa da vida. Mas, como qualquer medicamento, as vacinas podem causar algumas reações que geralmente são leves e temporárias, como dor e vermelhidão no local da aplicação, febre baixa ou mal-estar. Essas reações são normais e esperadas, inclusive.
Efeitos adversos graves são raros, e os benefícios da vacinação superam amplamente os riscos, especialmente para idosos, que têm maior probabilidade de desenvolver complicações sérias caso contraiam certas doenças.
“Priorize a sua imunização com segurança e responsabilidade: vacina é coisa séria e fundamental para a saúde, especialmente na terceira idade. As vacinas podem ser encontradas tanto na rede pública quanto na privada, e a escolha deve considerar as recomendações médicas e a proteção oferecida por cada uma. Para garantir uma imunização eficaz e segura, é essencial adquiri-las e aplicá-las em locais de confiança, com profissionais qualificados e rigoroso controle de armazenamento e qualidade”, finaliza.
Glicínia destaca que as recomendações apresentadas seguem os calendários da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) e de outras sociedades médico-científicas. Embora o SUS possua um dos maiores e melhores programas de imunização do mundo, disponibilizando gratuitamente diversas vacinas por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), muitas das vacinas recomendadas não são disponibilizadas de forma gratuita.
“Informe-se em fontes seguras e confiáveis! O site https://familia.sbim.org.br/ disponibiliza informações precisas sobre imunizações, apresentadas de forma clara, acessível e ilustrada, para que todos possam compreender com facilidade”.
Foto: Divulgação