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⭐ Piracicaba, 7 de novembro de 2024 ⭐

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ARTHUR MAURANO, um escravo ao seu dispor

Será lançado na próxima quinta-feira, 7 de novembro, às 19 horas, na sede da Sociedade Italiana de Piracicaba, o livro “Arthur Maurano, o Maurano da Rhodia, um escravo ao seu dispor”, de autoria do jornalista Romualdo Cruz Filho, sob a supervisão de Pedro Ometto Maurano, um dos filhos de Arthur.

A obra foi planejada há dois anos, quando Maurano era presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba e agora transforma-se em livro, editado pela Editora Nova Consciência, de Capivari. Os 300 exemplares serão distribuídos gratuitamente na ocasião. A apresentação é do presidente da Societá, Juliano Meneghel e o prefácio de Edson Rontani, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

Segundo Maurano, “papai era de 1904, este ano é o aniversário de 120 anos de seu nascimento. A mesma idade do prédio da Societá, construído em 1904, uma obra de Carlos Zanota. As fotos inseridas no livro são da década de 40 e 60”.

Biografia de Arthur Maurano

“Estruturar uma biografia não é um exercício que se faz sem um bom aquecimento preliminar. Especialmente quando os documentos para amparar a trajetória do personagem em questão são exíguos e a memória familiar já não alcança mais a exatidão dos seus passos.”

Esta frase de Pedro Vicente Maurano concentra aspectos que precisam ser considerados quando se pensa em uma biografia que nasce do desejo de traçar o perfil de um homem comum, pai de família e trabalhador. Um homem que viveu sua vida, sem se ater sequer ao rigor memorialístico de um flash.

Pedro Maurano tinha plena noção de que a empreitada não seria fácil quando decidiu colocar no papel a biografia do seu pai, Arthur Maurano. Para alavancar a ideia, convidou o jornalista Romualdo da Cruz Filho, que se incumbiu da missão com a certeza de que algo curioso poderia nascer dessa vontade, dessa parceria.

“Trabalhávamos juntos no Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP). Ele, como presidente da entidade, eu, como jornalista responsável pela divulgação das atividades. Quando Pedro Maurano me convidou para dar forma ao livro, aceitei com entusiasmo e, também, com muita dúvida sobre minha capacidade para esta proposta tão complexa”, conta Romualdo Cruz.

Foi um processo de mão dupla. Enquanto Pedro Maurano coletava os documentos sobre seu pai e avós, guardados pela família, Romualdo estudava a história da Itália do século XIX, que era o berço da família Maurano, e a história de São Paulo, que era o ambiente onde Arthur Maurano se revelaria.

Aos poucos, as conexões entre datas, ambientes e momentos políticos foram fazendo sentido e se entrelaçando para compor um pano de fundo sobre o qual a imagem de Arthur Maurano foi ganhando forma e movimento.

“Fazíamos reuniões permanentes e discutíamos sobre dados históricos e acontecimentos que poderiam explicar o comportamento dos meus avós, a chegada deles no Brasil, a fixação no Brás, em São Paulo; a cultura religiosa de Amália Rizzo, minha nona; a libertinagem de Costábile Maurano, meu nono. A fusão desses valores que formataram o estilo impar do meu pai foi um processo. Nascia assim um personagem coeso e autônomo, que parecia circular pela São Paulo desvairada e nos convencia de que aquelas cenas eram reais”, recorda Pedro Maurano.

“O fato de Pedro Murano ter boas informações sobre meu ofício e estilo jornalístico facilitou sobremaneira nosso trabalho. Tanto é que ele havia me chamado para um teste preliminar, digamos assim, para assessorá-lo na presidência do IHGP”, observa Romualdo Cruz.

A intenção maior de Pedro Maurano, como presidente do IHGP, era estimular as famílias piracicabanas, especialmente descendentes de italianos, para que tornassem públicas as histórias dos seus ancestrais. Quem sabe assim muita coisa de valor pudesse ser revelada à cidade, ajudando na composição mais minuciosa da imigração italiana no Brasil. Nada melhor do que ele mesmo ser um exemplo desse estímulo.

“A cidade tem muita informação sobre os grandes nomes italianos: Dedini, Ometto, Brunelli, D’Abronzo, Guidotti, enfim. Mas existem outras tantas histórias bacanas que são importantes de se conhecer para a composição de uma realidade mais integrada e integral. Há, sem dúvida, os personagens principais, mas há também os coadjuvantes, sem os quais nada acontece”, disse Pedro Maurano.

Ele, Pedro Maurano, sequer imaginava em sua infância que sua mãe, Ernesta Ometto, fosse filha de um dos homens mais importantes do setor agrário da região de Piracicaba, Pedro Ometto. Foi inclusive esse fator que o trouxe para Piracicaba e o fez fixar raízes em solo caipiracicabano.

“Meu pai definiu uma estratégia de conquista que redimensionou a vida dele e nos fez nascer com uma cultura meio caipira, meio paulistana. Meus irmãos preservam, na fase adulta, o lado paulistano, apesar de terem vivido partes significativas de suas vidas em Piracicaba. Eu, por outro lado, ao me vincular aos negócios dos meus avós e tios, me tornei Piracicabano”, detalha o filho mais velho do biografado.

O biografado, por sua vez, foi profissional da empresa francesa Rhodia, onde fez a sua vida ganhar em amplitude teatral em um palco imaginário do tamanho de Brasil. Esta história de Arthur Maurano poderá ser conhecida com a leitura da obra, a ser lançada no dia 7 de novembro, no teatro da Società Italiana di Mutuo Soccorso de Piracicaba, às 19 horas. O evento será aberto a todos os interessados e terá distribuição gratuita do livro.