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⭐ Piracicaba, 21 de novembro de 2024 ⭐

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João Carlos Goia

Gerente do Senac Piracicaba, jornalista pós-graduado
em mídias e mestre em educação

Não tenha medo de dizer adeus aos empregos de ontem

Olá amigos que me acompanham nessa despretensiosa coluna, não assustem com o título. Ele não necessariamente diz respeito ao seu emprego atual, mas sim, aqueles que talvez, você ou alguém conhecido, esteja procurando há algum tempo e já não encontra mais.

Antes de tratarmos diretamente do tema empregos, faz-se necessário retomar alguns fatos na linha do tempo, começando por maio de 2012, quando escrevi e publiquei um artigo que tratava da evolução da humanidade para a versão 5.0, conceito este que estabelece uma comunidade permeada pela democracia das redes sociais e inovação coletiva e que pode ser inclusive comparada em alguns aspectos, como sendo a terceira onda do capitalismo, ou seja, a Era Digital, baseada na sabedoria das multidões.

Muito pertinente também e, inclusive, já escrevi sobre a tese de Jorge Forbes a partir das teorias e estudos do filósofo parisiense Luc Ferry, que há anos nos dá boas-vindas ao que denominam TerraDois. Esse novo planeta, apresenta-se como sendo uma revolução e não inovação, como apregoado por muitos, colocando tudo que acreditávamos até então, em cheque. Lembram dos conceitos de VUCA e BANI?

Pois bem, são tempos em que a humanidade encontra-se de certa forma sem direção, sem ao certo saber o que fazer ou para onde caminhar, principalmente pensando sobre o aspecto profissional, afinal, se o mundo mudou de TerraUm (moderno/linear/tangível) para TerraDois (pós-moderno/redondo/intangível), principalmente a partir das interações e rupturas promovidas pela evolução tecnológica, que afeta cada vez mais e forma extremamente acelerada e assustadora todas as instâncias de nossas vidas.

Falemos finalmente sobre os caminhos e alternativas profissionais possíveis em meio a esse inevitável avanço da precedência tecnológica, tendo consciência que a inteligência artificial aí está para suplantar empregos insalubres, repetitivos, expostos a riscos e que possam ser resumidos a um cheklist, que são e serão sempre facilmente incorporados, implementados e substituídos pela linearidade da lógica de programação.

Para acrescentar um complicador a essa equação, agora o jogo realmente mudou e, da mesma forma, empregos que necessitam tomadas de decisões e, que até então, não sentiam-se ameaçadas, começam também a entrar em cheque.

Pense, por exemplo, nos carros autônomos e seus complexos algoritmos e aparatos tecnológicos desenvolvidos para que possa realizar seu trajeto sem colocar em risco a vida de seus passageiros, pedestres e demais veículos ao redor, obedecendo todas as leis de trânsito.

Certamente você já deve ter ouvido alguém dizer: “quantos motoristas de táxis, ônibus, caminhões, entre outros, poderão perder seu emprego”, correto?

Proponho que a partir dessa leitura, que analise de outra forma essa mesma situação. Imagine quantas pessoas serão empregadas para cuidar do desenvolvimento dessas rotinas, produção, manutenção e ajustes desses equipamentos, para garantir a conectividade deste periférico, entre outros.

Digo com certeza que essa cadeia empregará muito mais do que o número de motoristas hoje no mercado, mas claro, são competências que exigem alto nível de capacitação.

O ponto central de nossa conversa aqui passa a ser então, a educação, em todos os níveis, pois fica lógico perceber, que procura atendar as demandas atuais, porém, não necessariamente, está correndo contra o relógio para desenvolver programas que preparem esses alunos e profissionais para essa iminente colisão com este novo mercado de trabalho e não falo aqui apenas sobre quais serão os empregos em alta, mas também, de toda forma de contrato laboral que vem se transformando de igual forma, ou seja, digo diretamente aos jovens e adolescentes da atualidade, que considerem a possibilidade de não conseguirem um único emprego CLT em sua vida, se é que desejarão esse tipo de contrato.

Sugiro ainda, que abandonem a médio e longo prazo, cursos que preparem para profissões repetitivas, pois como já mencionei, já foram ou serão sobrepostas pela tecnologia, da mesma forma que aconteceu com os caixas bancários que lotavam agências há alguns anos e foram substituídos mês a mês, pelos sistemas e caixas eletrônico, fenômenos assim, também ocorreram com profissionais que trabalhavam na linha de produção de uma indústria siderúrgica de alta periculosidade, bem como da automobilística, que necessita produtividade e precisão, de muitos agricultores ou lavradores, pois exigiam atributos físicos além das capacidades humanas e, por isso, foram substituídas por robôs e máquinas.

Onde está o ser humano nesse contexto? Trabalhando por trás da manutenção de toda essa tecnologia, bem como, desenvolvendo sistemas cada vez mais complexos e interconectados.

Todas as profissões têm um percentual que determina sua probabilidade de ser substituída pela inteligência artificial, mas candidatos que apresentem competências analíticas e domínio tecnológico serão sempre necessários para atuarem nos bastidores, afim de manterem sistemas, aparatos eletrônicos, redes, etc., em pé.

Então, a próxima pergunta seria: devemos todos estudar em cursos voltados a tecnologia daqui por diante? A resposta é “sim e não”. Não, porque você deve continuar focado no segmento e carreira que tem paixão, que faz sentido, onde você sinta que é sua praia e propósito.

E, sim, porque necessariamente qualquer profissão hoje e cada vez mais, estará atuando com plataformas e com tecnologia em sua base e estrutura logística e, claro, se você identifica-se com a área de TI, não tenha medo e vá sem medo ou dúvida, pois certamente será o maior mercado de empregabilidade.

Também considere profissões voltadas ao contato, cuidado e atendimento humanizado, pois essa aceleração toda traz prejuízos visíveis a nossa saúde, tanto física, quanto mental, garantindo muito trabalho nas próximas décadas. Mercados voltados a sustentabilidade ambiental, energias renováveis, educação, políticas e negócios internacionais, também são indicados.

Finalizando, temos um longo caminho a frente, antes que ocorra o caos laboral e a solução passa em boa parte por políticas públicas, que permitam acesso as camadas menos privilegiadas, caso contrário, continuaremos a presenciar o aumento do problema social e da violência em todo o planeta.

Precisamos hoje começar a formar pessoas num novo nível de competências, ou seja, elevar todos para um patamar de alta qualificação.

Sendo assim, bem-vindos a TerraDois, planeta este em que estamos interligados, não só tecnologicamente, mas por meio de uma razão sensível, respeitando-se diferenças, as diversidades, buscando uma cultura de paz e com real intenção de criarmos um mundo melhor, um novo humanismo, onde todos tenham condições dignas de sobrevivência e encontrem seu lugar ao sol.