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Emergência global por MPOX – Perguntas e respostas

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Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) responde as principais dúvidas sobre a doença

Segundo os dados da secretaria estadual da Saúde (SES), São Paulo  registrou nos primeiros sete meses de 2024 pelo menos 315 casos confirmados de MPOX.  Entre janeiro e julho deste ano o número de casos da doença cresceu 257% em relação ao mesmo período de 2023, quando 88 casos da doença foram registrados no estado.

Na última quarta-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que o cenário de MPOX no continente africano constitui emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia. Este é o mais alto nível de alerta da entidade.

Com tantas dúvidas da população, o  Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) responde abaixo perguntas mais frequentes sobre a doença e a situação atual:

O que é a MPOX?

É uma doença infecciosa, sexualmente transmissível, causada por um vírus da família do vírus da varíola (já erradicada), pode causar lesões de pele, mucosas e órgão internos. Há vários graus de gravidade e pode ser fatal.

Quais são os sintomas da MPOX?

Principalmente, lesões de pele, na forma de pústulas. Acometem muito as áreas genitais e perianais, pela transmissão sexual, mas pode acometer qualquer parte da pele, mucosas e órgãos internos.

Como ocorre a transmissão da MPOX e qual é o tratamento recomendado?

Pode ocorrer por contato com as lesões e pelo contato sexual, principalmente.

Por que o nome da varíola dos macacos foi mudado para MPOX?

Essa mudança visa não estigmatizar os primatas não humanos. Algumas pessoas, erroneamente, poderiam entender que seria necessário eliminar esses animais para controlar a doença e isso não procede.

Qual é a atual situação da MPOX?

A OMS declarou estado de emergência de saúde de importância internacional, nível mais alto de alerta, para uma doença infecciosa. Houve um aumento muito significativo de casos, com uma nova variante, na República Democrática do Congo e em países da África. Pode haver espalhamento para vários outros países.

Por que a MPOX foi novamente classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII)?

Mais de 100 mil casos no Congo.

Esse surto de MPOX pode ser considerado uma pandemia?

Ainda não, pois acomete apenas uma região do globo.

Esse surto é sem precedentes?

Não. Em 2022 houve um espalhamento global da doença, o que pode ocorrer novamente.

O que diferencia o surto atual para o anterior?

Esse surto ainda está mais restrito a países da África (especialmente, República Democrática do Congo), mas pode se espalhar para todo o mundo. Nesses locais foi detectada uma nova variante do vírus Mpox. Será preciso avaliar qual  seu impacto de gravidade e espalhamento nos casos atuais.

O que significa uma emergência global em saúde e qual é o risco da MPOX para o Brasil?

O risco é grande, pois a mobilidade das pessoas, no mundo, é muito rápida. É um problema de saúde que exige das autoridades sanitárias a adoção de medidas imediatas para seu controle, em especial, medidas que restringem direitos individuais (por exemplo, quarentena, isolamento, exame compulsório) ou que justifique a mobilização de recursos (humanos, infraestrutura, financeiros). Desde já, é preciso intensificar as medidas de prevenção e controle da doença, no Brasil. Redobrar a vigilância dos diagnósticos dos casos e isolamentos. No caso de termos um aumento expressivo do número de casos, o Ministério da Saúde vai intensificar essas ações proporcionalmente.

O aumento de casos na África pode impactar os números no Brasil? 

Sim, as doenças se espalham muito rápido, na atualidade, devido aos meios de transporte serem muito eficientes, para viajantes.

O país está bem preparado para a MPOX, caso haja um aumento considerável dos casos?

Sim, mas haverá dificuldade de acesso ao tratamento antiviral e à vacina, pois a disponibilidade mundial é restrita para esses insumos. No surto anterior, várias ações foram exitosas e podem ser reimplantadas.

 

Diagnóstico laboratorial é fundamental no controle da MPOX

Celso Granato, médico infectologista e patologista clínico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), ressalta a importância fundamental da medicina laboratorial no diagnóstico precoce e na contenção da doença.

Granato explica que o período de incubação da MPOX varia de 5 a 21 dias. Os primeiros sintomas incluem febre, dor de cabeça e mal-estar, seguidos por erupções cutâneas, que podem surgir em qualquer parte do corpo, devido ao contato pele a pele com uma pessoa infectada. “Essas lesões são características e aparecem em estágios uniformes, o que as diferencia de outras doenças como a catapora”, explicou.

No diagnóstico, Granato enfatiza o uso do PCR em tempo real, uma técnica molecular que detecta o DNA do vírus de forma rápida e precisa. “Esse teste é o mais confiável e seguro, sendo amplamente utilizado em laboratórios de referência como o Instituto Adolfo Lutz, Fiocruz e Evandro Chagas, além de laboratórios privados,” destacou o especialista da SBPC/ML, acrescentando que embora a MPOX tenha uma semelhança clínica com a varíola, doença erradicada nos anos 70, hoje há ferramentas laboratoriais avançadas que permitem diferenciar claramente o vírus da MPOX de outros vírus similares.

No entanto, ressalta Granato, é necessário que haja vigilância constante, principalmente em portos e aeroportos, para identificar e isolar casos suspeitos, minimizando o risco de disseminação global. Ele também menciona que, embora exista uma vacina eficaz contra a MPOX, sua disponibilidade é limitada e, por isso, é priorizada para indivíduos que tiveram contato próximo com casos confirmados.

Além do diagnóstico inicial, a medicina laboratorial é essencial para monitorar possíveis complicações, como infecções bacterianas secundárias, e garantir que o tratamento seja adequado e eficaz, contribuindo para uma recuperação segura dos pacientes. “O alerta da OMS funciona como um chamado à ação para os profissionais de saúde e para a população em geral, lembrando que o diagnóstico precoce e a prevenção são as melhores armas contra a disseminação da MPOX”, finalizou.