Desde 2018

⭐ Piracicaba, 3 de dezembro de 2024 ⭐

Pesquisar
Close this search box.
[wp_dark_mode style="3"]
Picture of Dr.ª Beatriz Abrahão

Dr.ª Beatriz Abrahão

Fisioterapia e Ergonomia

O Transtorno do Espectro do Autismo

Definição

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), também conhecido apenas como autismo, é um transtorno de desenvolvimento neurológico que afeta as habilidades físicas, motoras, de comunicação e de interação social.

A condição costuma se manifestar durante a primeira infância e acomete, em maior prevalência, meninos.

De uma maneira geral, o TEA afeta a linguagem, comunicação, interação social e comportamento social. Pessoas dentro do espectro podem apresentar padrões de comportamento repetitivos, interesses fixos e hiperfoco, hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais, entre outros.

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 1% da população mundial pode ter autismo. Além disso, estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças convivem com o diagnóstico de TEA.

Os primeiros sinais de autismo podem ser percebidos logo nos primeiros meses de vida e o diagnóstico pode ser estabelecido por volta dos dois a três anos de idade.

Pessoas com autismo podem manter pouco contato visual ao conversar, apresentar dificuldade de interagir e interesse excessivamente por temas específicos.

 

Causas

As causas do autismo não são totalmente conhecidas, mas as pesquisas na área são cada vez mais intensas.

Sabe-se que a genéticas e agentes externos desempenham um papel-chave nas causas do transtorno.

De acordo com um estudo, publicado no Journal of the American Medical Association, a herança genética é responsável por 80% dos casos.

Enquanto os fatores exógenos podem ser atribuídos a complicações durante a gravidez, infecções, desequilíbrio metabólico e exposição a substâncias tóxicas.

 

Fatores de risco

  • Sexo: meninos são de quatro a cinco vezes mais propensas a desenvolver autismo do que meninas;
  • Genética: famílias que já possuem histórico de autismo correm riscos maiores de novos casos;
  • Condições de saúde: crianças com alguns problemas de saúde específicos, como epilepsia e esclerose tuberosa, tendem a ter mais riscos de desenvolver autismo;
  • Idade dos pais: alguns estudos apontam que quanto mais avançada à idade dos pais, mais chances a criança tem de desenvolver autismo até os três anos.

 

Existem diferentes tipos de autismo, classificados de acordo com o quadro clínico:

  • Autismo clássico: de maneira geral, são pessoas voltadas para si mesmas, que não estabelecem contato visual e não se comunicam tradicionalmente por meio da fala e possuem dificuldade de compreensão de metáforas e enunciados simples. O grau de comprometimento pode variar de caso para caso, podendo até apresentar deficiência mental importante;
  • Síndrome de Asperger: apresentam as mesmas dificuldades de comunicação e interação, mas em um nível menor. Muitas vezes, são muito inteligentes, podendo ser considerados gênios nas áreas que dominam;
  • Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação: o paciente é considerado dentro do espectro autista por possuir dificuldade de comunicação e interação social, mas os sintomas não são suficientes para incluí-los nas categorias anteriores, o que dificulta o diagnóstico.

 

Os graus de autismo são classificados em:

Autismo grau 1: autismo leve

Pacientes com autismo grau 1 possuem maior independência e desempenham facilmente as tarefas no dia a dia. Apresentam pouco interesse e dificuldade em iniciar ou manter interações sociais, problemas em se expressar, comportamentos repetitivos e restritos, dificuldade em trocar de atividade, problemas para organização e planejamento.

Autismo grau 2: autismo moderado

Os sintomas costumam ser percebidos com maior facilidade no autismo grau 2. Os pacientes precisam de suporte moderado para desempenhar atividades, apresentam maior dificuldade de socialização, podem ou não se comunicar verbalmente, não realizam contato visual, possuem comportamentos repetitivos em maior complexidade e seguem rigorosamente uma rotina.

Autismo grau 3: autismo severo

O paciente diagnosticado com autismo grau 3, geralmente, possui pouca autonomia, necessita de apoio constante para realizar atividades diárias, possui graves déficits de comunicação e interação social. Em alguns casos, não conseguem se comunicar verbalmente e precisam de suporte de um mediador e, por isso, é considerado autismo severo.

Apresentam extrema dificuldade em lidar com as mudanças, comportamentos repetitivos e extrema fixação em interesses restritos e dificuldade em mudar de foco ou ações. Comumente tem condições associadas ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

 

Autismo regressivo

Algumas crianças com autismo podem crescer sem apresentar nenhum sintoma e, com o avançar da idade, perdem as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram anteriormente.

 

Sintomas

Variam de acordo com o nível do espectro em que o paciente está inserido.

Entre as áreas afetadas e suas manifestações estão:

 

Comunicação

  • Dificuldade em iniciar ou manter uma conversa social;
  • Comunicar-se com gestos em vez de palavras;
  • Atraso ou não desenvolvimento da linguagem;
  • Referir-se a si mesmo de forma errada (por exemplo, dizer “você quer água” quando a criança quer dizer “eu quero água”);
  • Repetir muitas vezes a mesma palavra ou pergunta;
  • Dificuldade em compreender figuras de linguagem e sarcasmo;
  • Comunicação monótona.

 

Interação social

  • Dificuldade em fazer amigos;
  • Não mantém contato visual;
  • Isolamento;
  • Falta de empatia;
  • Não gosta de contatos físicos, como beijos e abraços.

 

Comportamento

  • Acessos de raiva intensos e agressividade;
  • Fixação em um único assunto ou tarefa;
  • Dificuldade de atenção;
  • Hiperatividade;
  • Faz movimentos corporais repetitivos;
  • Dificuldade em interagir em atividades de imaginação;
  • Visão, audição, tato, olfato ou paladar extremamentes sensíveis;
  • Não apresentar medo em situações perigosas;
  • Irritação com mudanças na rotina;
  • Apego a objetos.

 

Os principais sinais de autismo em bebês são:

  • Não apresentar expressões faciais aos seis meses;
  • Não imitar sons ou expressões faciais aos nove meses;
  • Não balbuciar ou gesticular aos 12 meses;
  • Não dizer nenhuma palavra aos 16 meses;
  • Não dizer frases compostas de pelo menos duas palavras aos 24 meses;
  • Perder habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade.

 

Diagnóstico

Apenas exame clínico pelo médico neuropediatra. Mas para certificar se uma pessoa é autista, é preciso observar o comportamento de atraso no desenvolvimento do paciente e analisar informações coletadas com as pessoas que convivem com ele, com o auxílio de questionários protocolados.

 

Tratamento

Autismo não tem cura, mas um programa de tratamento apropriado para as necessidades do paciente proporciona mais perspectiva aos autistas.

Os tratamentos são focados em reduzir os impactos dos sintomas do autismo e em estimular as habilidades sociais, comunicativas, de desenvolvimento e de aprendizado.

Entre as alternativas de terapia estão:

Terapias de comunicação e comportamento (TEACCH, ABA);

  • Medicações;
  • Fonoaudiologia;
  • Terapia ocupacional;
  • Fisioterapia;
  • Acompanhamento nutricional.

 

A atuação do fisioterapeuta no TEA

Atua diretamente em funções determinantes para a vida da criança e adolescente com autismo; e até mesmo adultos. É importante ressaltar que quanto antes o tratamento iniciar, maiores são as chances de uma evolução bem-sucedida.

No caso das habilidades motoras, o fisioterapeuta atua em funções básicas, como andar, sentar, ficar de pé, jogar, rolar, tocar objetos, engatinhar e a se locomover de maneira geral. Atuando, principalmente, na melhora da qualidade de vida. Além disso, também podem trabalhar com os pais para ensinar técnicas para ajudar os filhos a desenvolver força muscular, coordenação e habilidades motoras.

 

A fisioterapia no tratamento do TEA: o método Bobath

Dentre vários exercícios voltados para a melhora do autista, muitos fisioterapeutas trabalham com o método Bobath, responsável por resultados muito satisfatórios. Importante salientar que tal técnica não surgiu para a intervenção no autismo, mas para casos envolvendo derrames cerebrais e paralisias infantis. Além disso, o método pode ser empregado em crianças e adultos.

Os fisioterapeutas entram com o método Bobath para a atuação em detalhes imprescindíveis na vida do autista. O trabalho na coordenação é uma das prerrogativas. Além disso, a adequação do corpo a uma postura (física) mais saudável é o ponto-chave da técnica Bobath.

Ela é responsável por:

  • Aumentar o controle sobre a postura;
  • Simetria do corpo;
  • Variar as posturas;
  • Alongamento;
  • Aumentar ou diminuir tônus muscular;
  • Estimular extensão de cabeça, tronco e quadril nas crianças hipotônicas;
  • Estimular a reação de proteção e equilíbrio;
  • Trabalhar as rotações do tronco.

É válido reiterar que cada caso é único, então os resultados só podem vir a cada um de forma distinta.

O autista pode ter uma vida muito melhor quando as intervenções são realizadas por profissionais multidisciplinares e acompanhamento dos pais.

 

Técnicas e recursos que o Fisioterapeuta utiliza

Basicamente utilizamos a cinesioterapia associada ao lúdico para promover maior interesse e engajamento nas atividades propostas.

E os recursos podem ser às Bolas suíças, rolos, prancha de equilíbrio, colchonetes.

Na área de abrangência do Fisioterapeuta, temos também a Fisioterapia Aquática e a Equoterapia que podem beneficiar bastante o paciente com TEA.