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⭐ Piracicaba, 26 de novembro de 2024 ⭐

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Campanha ‘Julho Verde’ conscientiza sobre câncer de cabeça e pescoço

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“O diagnóstico precoce aumenta em até 90% as chances de cura”, afirmaram palestrantes, durante evento realizado pela Escola do Legislativo nesta segunda-feira

Na tarde desta segunda-feira (1º), a Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba, trouxe para sua sala de aula a palestra “Prevenção do câncer de cabeça e pescoço: conscientização e diagnóstico precoce”. A atividade, promovida em alusão à campanha “Julho Verde”, buscou orientar o público sobre como diagnosticar precocemente um tumor relacionado ao câncer de cabeça e pescoço.

O evento foi conduzido por cinco palestrantes na área da saúde: a enfermeira Carla Bakhos Milani, coordenadora assistencial oncológica no HFC-Onco, do Hospital dos Fornecedores de Cana; o cirurgião-dentista Ivan Neto; e os médicos Daniel Abreu Rocha, Lara Cochete Moura Fé e Letícia Franceschi.

O vereador Pedro Kawai (PSDB), diretor da Escola do Legislativo, destacou ser “de suma importância discutir todo tipo de construção de políticas públicas na Casa de Leis”. “A Escola do Legislativo é um programa da Câmara que fomenta a participação popular e a construção de políticas públicas. Se a Casa é do povo, nós temos que trazer momentos como este, de participação popular”, disse o parlamentar, acrescentando que “discutir sobre prevenção de doenças faz parte do dia a dia da Escola”.

A médica Letícia Franceschi explicou que a campanha “Julho Verde”, liderada por membros  da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, visa à conscientização, por meio de informações que auxiliam a detectar os sinais de alarme, fazer o diagnóstico e tratar precocemente o câncer na região de cabeça e pescoço.

“É uma campanha que ocorre há 10 anos”, lembrou Letícia. Entre as partes estruturais consideradas cabeça e pescoço, estão englobadas a cavidade oral, os seios da face, a faringe, a laringe, as glândulas salivares, a glândula tireoide, o couro cabeludo e a pele.

Letícia, que é especialista em cirurgia geral e de cabeça e pescoço pelo Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), ressaltou que “o diagnóstico precoce aumenta em até 90% as chances de cura”. “Mais de 80% dos casos são diagnosticados tardiamente. Esperamos que o cenário mude com a campanha”, disse.

Carla Milani fez menção à estimativa do INCA (Instituto Nacional do Câncer) de que a incidência para tais tipos de câncer de 2023 até 2025 chegará a 15.000 novos casos. Dessa proporção, 11.000 estão correlacionados ao sexo masculino. “A prevalência é muito maior nos homens.” A palestrante lembrou que “toda patologia tem seus sinais, fatores de risco e sintomas”, em relação aos quais a população precisa se atentar e, na dúvida, procurar ajuda “o quanto antes”.

Entre os fatores de risco, Letícia destacou dois principais: o tabagismo e o etilismo. “Quando um paciente fuma e consome bebida alcoólica, multiplica as chances de ter um tumor de cabeça e pescoço.” Daniel Rocha ressaltou também que má higiene oral, tumores de garganta, infecção por HPV (papilomavírus humano) e traumas crônicos na boca ocasionados em pacientes que usam prótese dentária mal alocada são outros fatores que devem ser analisados.

Lara Moura, médica formada pela Universidade Federal do Pará, acrescentou que evitar fatores de risco, como não fumar, não beber, manter hábitos saudáveis e o combate ao HPV através da vacina, “são ações indispensáveis”.

Daniel lembrou que a vacina contra o HPV é coberta pelo SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com o médico, meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem receber a dose. Pessoas com HIV/Aids ou que tenham algum tipo de imunossupressão ou, ainda, pacientes oncológicos também podem recebê-la: neste caso, desde que com idade entre 9 e 45 anos para mulheres ou entre 9 e 26 anos para homens.

Quanto aos sintomas e sinais de câncer na região de cabeça e pescoço, Letícia explicou que as pessoas devem se atentar ao aparecimento de ferida na língua, comumente na borda lateral, que cresce e não cicatriza ao longo de semanas, além de sangrar e doer, ou com lesão próxima aos dentes, gerando dificuldade para deglutir. Na laringe, se houver mudança da voz, como rouquidão persistente por mais de três semanas, “também é preciso atenção”.

Letícia observou que há lesões consideradas pré-malignas, como a leucoplasia, que provoca aparecimento de manchas ou lesões brancas ou avermelhadas na mucosa oral (conhecida popularmente como “céu da boca”), e tumores com manifestações diferentes, como nódulos. “Todo tipo de lesão na boca é um fator de risco”, ressaltou Carla.

DIAGNÓSTICO – De acordo com Letícia, lesões em vias aéreas ou na garganta podem ser diagnosticadas por exames como a laringoscopia, que analisa toda a cavidade nasal e a faringe. “A conclusão só é afirmativa após a realização de uma biópsia”, comentou.

O cirurgião-dentista Ivan Neto, mestre em patologia oral e pacientes especiais pela Faculdade de Odontologia da USP, explicou que, para a confirmação da doença, é feita uma biópsia incisional na região da boca ou da garganta, a qual é encaminhada ao laboratório de patologia. Por meio do diagnóstico microscópio como carcinoma espinocelular, mais comum em boca, é feita, então, uma carta de encaminhamento a um hospital para que se elabore o planejamento da abordagem junto ao paciente.

Ao final da palestra, os profissionais também destacaram as formas de tratamento, os efeitos colaterais que elas podem provocar e a importância da família durante o tratamento oncológico.

“Foi desenvolvido um projeto, ‘Cuidando do cuidador’, pelo HFC-Onco com o objetivo de olhar também para o acompanhante, que se sobrecarrega ao longo do processo. A equipe multidisciplinar aborda o cuidador em casos novos, onde cada profissional, seja enfermeira, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga ou fonoaudióloga, aplica uma escala de qualidade de vida e avalia isso durante o processo”, explicou Carla.

A enfermeira aproveitou para convidar o público a participar da campanha de prevenção que será realizada no próximo dia 13, das 8h às 12h, ao lado do Terminal Central de Integração, quando o HFC, junto com profissionais da área odontológica, fará avaliações da cavidade bucal e orientará a população sobre os sintomas da doença.