Cuidados simples no dia a dia podem evitar o surgimento ou o agravamento de enfermidades
Falta de apetite, vômitos, diarreia, perda de peso e mudanças de hábitos são os principais sinais clínicos de distúrbios e doenças no sistema digestório de cães e gatos, que variam de breves indisposições a infecções e inflamações graves.
A prevenção é essencial para evitar doenças gastrointestinais ou piora nos quadros clínicos. Por isso, a médica-veterinária Farah de Andrade, lista dicas importantes.
Conhecer bem o comportamento e os hábitos do pet
A ingestão de alimentos não recomendados, plantas, objetos ou comida em excesso podem causar mal-estar, irritações e até obstruções.
Por isso, assim que o tutor perceber mudanças no comportamento, redução de atividade física e apetite, sinais de dor, vômitos e diarreia, deve procurar atendimento veterinário.
É importante verificar a possibilidade de algum objeto ou elemento tóxico ter sido ingerido e relatar os detalhes das mudanças e o histórico do animal para o veterinário, facilitando assim o diagnóstico.
Oferecer alimentação de qualidade
O médico-veterinário tem papel fundamental na orientação sobre a alimentação dos pets, indicando desde as opções de rações industrializadas ou alimentação natural até a quantidade ideal, considerando a idade, o porte e as condições clínicas.
A alimentação de qualidade é o ponto mais importante para a saúde gastrointestinal do animal e deve considerar alergias, doenças e particularidades de cada paciente, comenta Farah.
Higiene
Outro fator importante é a ingestão de água limpa e fresca.
O ideal é oferecer água filtrada e não deixar o animal beber água de poças e lagos.
A limpeza do ambiente, jardim, tapetes higiênicos e caixa de areia evitam a proliferação de verminoses e a coprofagia.
Evitar que o gato tenha acesso à rua e higienizar os cães no retorno dos passeios evita o contato e a ingestão de sujeiras, vermes e microrganismos.
Prevenção de ectoparasitas
Além de desconforto e alergias, pulgas também transmitem vermes, portanto, o controle de ectoparasitas colabora com o desenvolvimento de verminoses.
Atenção ao ambiente
Cães e gatos são curiosos e não perdem a oportunidade de experimentar algo que os atraia. Por isso, é essencial evitar acesso ao lixo, a alimentos gordurosos, a plantas tóxicas, a produtos de limpeza e a brinquedos e objetos que possam ser ingeridos.
Principais doenças gastrointestinais em cães e gatos
As verminoses são causadas por vermes e protozoários que se alojam no organismo do pet, principalmente no intestino, mas também podem se abrigar no fígado, nos pulmões e no cérebro, tornando-se letais.
São facilmente transmitidas por meio de água, fezes e alimentos contaminados; contato com a pele do pet; picadas de insetos; transmitidas da mãe ao filhote, durante a gestação e o aleitamento; e pela ingestão de pulgas contaminadas ou de animais como lagartixas, pássaros e roedores.
A gastroenterite é uma inflamação de todo o sistema digestório e tem causas diversas. Já a gastrite (inflamação da mucosa do estômago), geralmente é causada por infecções bacterianas ou por parasitas; doenças renais, hepáticas, virais ou hormonais; alergias ou intolerância alimentar; estresse; ingestão de produtos tóxicos ou objetos e, até mesmo, tratamentos medicamentosos.
Distúrbios do fígado, ducto biliar ou pâncreas podem provocar colestase, ou seja, a redução ou a interrupção da bile (líquido digestivo produzido pelo fígado).
A pancreatite é uma inflamação grave no pâncreas, órgão que produz as substâncias responsáveis pela digestão e pode ser aguda, com desenvolvimento rápido e que pode causar necrose tecidual e levar a óbito, se não tratada a tempo; e crônica, que é uma inflamação contínua e progressiva, que causa danos permanentes e perda de função do órgão.
A doença inflamatória intestinal é uma inflamação nas mucosas do intestino e do estômago com causa desconhecida, mas estudos sugerem que seja consequência de uma alteração na resposta inflamatória e imune do animal, que interfere na absorção de nutrientes e na motilidade intestinal.
A disbiose intestinal é uma condição na qual ocorre um desequilíbrio da microbiota do pet e uma hiper população de microrganismos ruins, que pode predispor a translocação bacteriana para outros órgãos do animal, gerando infecções.
E a colite canina é uma inflamação no cólon, parte principal do intestino grosso.
Tratamento
O diagnóstico precoce evita agravamentos, mas a adesão ao recurso terapêutico indicado é outro fator crucial no sucesso do tratamento. Medicamentos veterinários manipulados, flavorizados e em formas farmacêuticas diferenciadas facilitam a administração de remédios, especialmente em animais que estão com desconforto e nauseados.
Vermífugos, probióticos, prebióticos e ativos como o omeprazol, a bromoprida, o ácido ursodesoxicólico, a silimarina e o SAMe, por exemplo, podem ser manipulados em forma de biscoito, calda, pasta oral ou molho com sabores como queijo, carne, frango, leite condensado e banana, comenta a veterinária.