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Mucosite: programa brasileiro inova no combate à condição comum causada pelo tratamento do câncer

Inflamação que afeta a mucosa bucal surge como efeito colateral da quimioterapia e/ou radioterapia, gerando impactos significativos à qualidade de vida de pacientes; Estudo liderado pela Oncoclínicas a partir de um protocolo preventivo de laserterapia indica  resultados animadores que pode mudar protocolos globais

Além do desafio de se enfrentar um diagnóstico de câncer, o tratamento da doença também apresenta seus obstáculos. Um deles, que atinge especialmente aqueles diagnosticados com tumores de cabeça e pescoço, é a mucosite, uma inflamação que aparece durante o tratamento oncológico, causando feridas mais fortes, como úlceras, podendo significar a interrupção do tratamento, resultando impacto no controle do tumor e sobrevida do paciente.

Fabiana Justus, influencer e filha do empresário Roberto Justus, que passa pelo tratamento para uma leucemia, relatou sua experiência, aumentando a busca por entender como o tratamento de câncer afeta a saúde de seus pacientes. Porém, uma inovação brasileira pode mudar, em muito, a qualidade de vida de quem  enfrenta os efeitos colaterais de algumas terapias no combate à doença. A pesquisa será apresentada no maior congresso de oncologia do mundo, a ASCO (Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica), que acontece em Chicago, nos Estados Unidos.

A estomatologista Renata Ferrari, líder nacional da especialidade na Oncoclínicas&Co, mostrou na última segunda-feira (03) as respostas de uma experiência brasileira de sucesso baseada no uso da laserterapia, uma técnica que reduz significativamente o risco de mucosite em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em radioterapia ou quimioterapia e radioterapia combinados. Os resultados foram comparados com os descritos na literatura, indicando uma redução relevante de aproximadamente 20% na ocorrência de casos.

“Com base nos resultados do estudo, fica claro que a terapia com laser profilático desempenhou um papel crucial na redução significativa da incidência de mucosite em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em comparação com os controles históricos. Esta descoberta é especialmente promissora, considerando-se que a mucosite afeta algo em torno de 70% a 90% dos pacientes submetidos à quimioterapia e/ou radioterapia nesta parcela da população oncológica. Além disso, a adesão dos pacientes ao regime de terapia a laser foi impressionante, com 90% deles seguindo todas as sessões prescritas”, explica Renata.

O estudo (ABSTRACT #: 12120 / POSTER BD #: 259), que contou ainda com a colaboração  do oncologista William Nassib William Jr.  e da psico-oncologista Cristiane Bergerot, ambos também da Oncoclínicas, aponta adicionalmente que mesmo nos pacientes que desenvolveram a doença, a gravidade foi reduzida. Segundo os dados apurados, a partir da adoção do protocolo desenhado pelos especialistas com uso de laserterapia, uma parcela muito reduzida dos pacientes apresentou estágios da mucosite em que os sintomas apresentam gravidade, podendo levar à internação e à deterioração da saúde.

“A incidência de mucosite de grau 3 e grau 4 foi reduzida para 28%, um marco significativo no tratamento desta condição debilitante. Esses resultados destacam a eficácia e o potencial da terapia com laser como uma intervenção preventiva valiosa para a mucosite em pacientes com câncer de cabeça e pescoço”, ressalta a autora principal da análise.

A abordagem promissora deve seguir para novas etapas, com uma investigação mais aprofundada por meio de ensaios clínicos randomizados, reforçando a necessidade de sua inclusão como uma opção terapêutica padrão.