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Mirando a erradicação da poliomielite, Brasil substituirá gotinhas por injeções para inocular vacina

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Mudança acompanha estratégia internacional para cumprir meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde de eliminar a doença até 2026

Objetivo é reduzir circulação da forma atenuada do vírus Adultos que foram crianças no final dos anos 1980 e 1990 tiveram, em algum momento, contato com o Zé Gotinha, um personagem que ajudou o Ministério da Saúde a confortar os pequenos a fim de que não temessem o momento de receber, sob a forma de gotinhas, a vacinação contra a poliomielite, também chamada de paralisia infantil.

A partir do ano que vem, os frascos contendo a famosa “gotinha que salva” contra a pólio serão substituídos pela vacina intramuscular, produzida com vírus inativado.

A versão atual do calendário vacinal brasileiro inclui três doses injetáveis da Vacina Inativada Poliomielite (VIP) administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade e duas doses de reforço com a vacina oral que são administradas aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A decisão, anunciada pelo Ministério da Saúde, está em consonância com as recomendações da Câmara Técnica em Assessoramento em Imunizações (CTAI), que assessora o Ministério da Saúde, e com as diretrizes globais da Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicação da doença. A meta da OMS é que a vacina inativada substitua totalmente o imunizante oral em todo o mundo até 2030.

A mudança é justificada pela situação atual dos casos de poliomielite no mundo. Dos 647 casos de poliomielite paralítica notificados em 2023 em todo o planeta, somente 16 foram causados pelo vírus natural ou poliovírus selvagem.

Todos os outros casos da doença foram atribuídos a vírus derivados da vacina oral. Trata-se de um panorama muito diferente da realidade que ainda era vista há cerca de trinta anos, quando a presença do vírus selvagem causava, em média, 1.000 casos de paralisia por dia em 125 países.

Para erradicar o vírus no país e no mundo, adotou-se a estratégia de conduzir extensas campanhas de vacinação com a vacina oral contra a poliomielite (VOP).

Em decorrência da vacinação com esse imunizante, os casos de poliomielite pelo vírus selvagem diminuíram mais de 99,9%, nos últimos anos. É um testemunho da eficácia da vacina em gotinhas para combater o vírus selvagem, diz Carla Domingues, doutora em medicina e especialista em epidemiologia e gestão.

A região das Américas foi a primeira região do mundo a obter o Certificado de Erradicação da Poliomielite provocada pelo vírus selvagem, em 1994, diz ela, que coordenou o Programa Nacional de Imunizações (PNI) de 2011 a 2019.

Como o número de casos por vírus derivado da vacina é muito maior do que os casos por poliovírus selvagem (2% dos casos), a principal a estratégia das organizações internacionais de saúde na luta para erradicar a poliomielite é diminuir a quantidade de vírus atenuados em circulação através da troca gradativa do imunizante oral pelo injetável, constituído por vírus mortos e que não podem se replicar.

Quando o risco de pólio vacinal é muito maior do que o risco de pólio selvagem, isso é um indicador de que se deve mudar para a vacina inativada. Essa é a tendência de todos os países desenvolvidos e no Brasil também. É uma escolha enquanto sociedade, afirma o médico infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP).

O vírus selvagem autóctone hoje circula somente em dois países: Paquistão e Afeganistão.