A queda, de 7%, pode estar relacionada à suspensão, por parte do Governo Federal, de novas inclusões que vigora desde junho de 2019

O programa Bolsa Família deixou de atender 724 famílias de fevereiro de 2019 a janeiro de 2020 em Piracicaba. Os números são da Secretaria Especial de Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania. Em fevereiro de 2019, 10.042 famílias eram beneficiadas com o programa na cidade, ante 9.318 em janeiro de 2020.

A queda, de 7%, pode estar relacionada à suspensão, por parte do Governo Federal, de novas inclusões que vigora desde junho de 2019. Os repasses, no período caíram de R$ 1,83 milhão em fevereiro de 2019 para R$ 1,75 em janeiro passado.

Apesar de não ser um número oficial, uma fonte estima que se a concessão de novos benefícios está suspensa desde meados do ano passado, cerca de 2.000 famílias em situação de pobreza que preenchem os requisitos podem ter tido negado os pedidos de inclusão.

É preciso considerar, no entanto, que o número de famílias beneficiadas é flutuante pela própria característica do programa que pode excluir benefícios em casos de falta de atualização cadastral, descumprimento de condicionalidades, entre outros. Ainda assim, quando era cancelado o benefício para uma família outra era incluída e, então, o número permanecia estável.

O Ministério da Cidadania foi questionado sobre a redução e não admitiu que houve suspensão da inclusão de novos beneficiários a partir de junho. Atribuiu a queda a fatores rotineiros do programa. “O número de beneficiários do Programa flutua a cada mês em virtude dos processos de inclusão, exclusão e manutenção de famílias. O Bolsa Família atende a um contingente que oscila entre 13 e 14 milhões de famílias pelo menos nos últimos nove anos”, informou por meio da assessoria de imprensa.

A nota enviada ao Piracicaba Hoje lembra, ainda, que o ministro Onyx Lorenzoni anunciou, no último dia 20, a inclusão de 185 mil novas famílias, em todo país, como beneficiárias do Bolsa Família. “As famílias começarão a receber os recursos a partir da folha de pagamento do mês de março que começa a ser paga no próximo dia 18”.

Para o professor de economia da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba) e da FATEP (Faculdade de Tecnologia de Piracicaba), Francisco Crocomo, entende que a política social do Governo Federal deve ser mais clara. “Isto vem ocorrendo em todas as regiões brasileiras, cada uma com sua particularidade nos impactos da atual crise da economia na vida das pessoas. Resta saber, com clareza, qual a proposta do Governo Federal, para estes gastos sociais. Tais gastos, são fundamentais especialmente em tempos de crise com a economia estagnada”, disse.

Para Crocomo, existe um número crescente de demanda pelo Bolsa Família. “Tais programas sociais devem ser entendidos como uma tentativa de amenizar ( muito pouco), a nossa imensa desigualdade de renda. A proposta é que os governos possam identificar essas pessoas/famílias, para oferecer qualificação/ treinamento, assistência em suas necessidades básicas, emprego, dentre outros para que não dependam destas bolsas em um determinado prazo.”

Podem receber o benefício famílias com renda mensal de até 89 reais por pessoa ou de até 178 reais se houver criança ou adolescente de até 17 anos.