A cirurgia ortognática restabelece todo o sistema estomatognático
Dados divulgados há mais de uma década pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial indicavam que 10 milhões de brasileiros precisam de cirurgia nos maxilares. No início de 2025, o procedimento ganhou mais notoriedade quando foi revelado que um participante de um reality show passou por uma cirurgia ortognática. Nas redes sociais, é possível encontrar outros casos de influenciadores compartilhando suas experiências com o procedimento.
O presidente da Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. José Roberto Barone, explica que a cirurgia ortognática é importante, porque restabelece todo o sistema estomatognático, visto que o paciente que tem esta deformidade não mastiga direito, não deglute direito e muitas vezes tem deficiência respiratória. Além disso, muitos pacientes apresentam problemas psicológicos em decorrência das alterações significativas na face, principalmente durante a adolescência, o que pode gerar até bullying.
“O procedimento é feito e realizado em ambiente hospitalar, sob anestesia geral, onde se realiza fraturas cirúrgicas e se reposiciona o maxilar superior e inferior conforme planejamento para se obter a posição planejada. Importante ressaltar que estas fraturas são contidas por placas e parafusos de titânio e que a cirurgia é toda por dentro da boca, sem cicatrizes na face do paciente”, esclarece o especialista.
Sobre o diagnóstico, o Dr. Barone explica que é feito pelo ortodontista, que encaminha ao cirurgião no momento ideal para a realização do procedimento, geralmente após os 15 anos na mulher e entre 16 e 17 anos no homem, com exceções de pacientes mais velhos que descobriram a deformidade tardiamente, por conta de dores articulares ou apneia obstrutiva do sono.
A avaliação é feita durante uma consulta presencial, por meio de uma rigorosa análise facial, com medidas, exames de imagem, documentação ortodôntica completa, tomografia computadorizada e até ressonância magnética em casos de associação a disfunções articulares. Durante a avaliação, o profissional irá explicar as vantagens, riscos e benefícios da cirurgia ao paciente. Após essa fase, ocorre a discussão com o ortodontista sobre o plano de tratamento.
Riscos
“Os riscos são inerentes ao porte cirúrgico, visto que todas as cirurgias, por mais simples que sejam, têm riscos que, apesar de baixos, existem – e podem ser minimizados com exames pré-operatórios e avaliação pré-anestésica. É importante explicar ao paciente a possibilidade de parestesia, edema, hematomas no pós-operatório”, orienta o presidente da Câmara Técnica de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do CROSP.
Recomendação
Pacientes com anomalia de formação entre arcadas, o que corresponde a problemas ósseos, no qual o osso cresceu mais (ou menos) do que deveria, ou quem tem queixo muito para frente, ou para trás.
A recomendação também é para quem possui apneia obstrutiva do sono, diagnosticada por meio de resultado de polissonografia, importante condição que pode colocar o paciente em risco de morte, o que faz ser necessária a cirurgia ortognática para avanço bimaxilar, onde ocorre a liberação das vias aéreas, a fim de melhorar a qualidade respiratória.
Também é recomendado para pacientes com dores articulares, disfunção de ATM, por conta da deformidade, além de pessoas com alterações hereditárias, ou síndromes, e/ou adquiridas após trauma severo na região da face, por exemplo.
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