Pacote prevê aumento de tributos sobre apostas, fim de isenções para investimentos e revisão de trechos do decreto do IOF; expectativa é arrecadar R$ 18 bilhões em 2025
O governo federal anunciou um pacote de medidas fiscais com foco na ampliação da arrecadação, como alternativa ao recente decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Entre as principais ações, destacam-se:
A elevação da taxação sobre as casas de apostas esportivas online, conhecidas como “bets”, que passa de 12% para 18% sobre a Gross Gaming Revenue (GGR) — a receita bruta obtida pelas empresas com as apostas, descontados os prêmios pagos.
O fim da isenção de Imposto de Renda sobre aplicações em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Agora, novas aplicações nesses ativos serão tributadas em 5%.
A inclusão das debêntures incentivadas no novo regime tributário, com a mesma alíquota de 5%.
Importante destacar que a nova taxação valerá apenas para os títulos emitidos após a edição da Medida Provisória, mantendo a isenção para aplicações antigas.
Mudança na CSLL para fintechs
Outra medida anunciada é a modificação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs, que passarão de uma alíquota reduzida de 9% para 15%, igualando-se às instituições financeiras tradicionais.
Essa medida visa reduzir assimetrias no sistema financeiro.
Recuos no decreto do IOF
A pressão política em torno do aumento do IOF levou o governo a negociar recuos.
Dentre os pontos de revisão anunciados, estão:
Redução da alíquota do IOF sobre crédito para empresas.
Corte de 80% na alíquota aplicada a operações de risco sacado, considerada uma das mais polêmicas.
Redução do IOF sobre seguros de vida com prêmio por sobrevivência, como o VGBL.
Contexto político e expectativa de arrecadação
As medidas surgiram após forte pressão do Legislativo.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu ao governo um prazo de 10 dias para apresentar alternativas ao decreto do IOF, sob risco de a proposta ser derrubada pelo Congresso.
A resposta veio após reunião de mais de cinco horas na residência oficial da presidência da Câmara, com a presença do ministro da Fazenda Fernando Haddad, da ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), do presidente da Câmara e de líderes partidários.
Com o pacote apresentado, o governo espera uma arrecadação extra de R$ 18 bilhões em 2025, sem depender exclusivamente do IOF.
Coletiva e próximos passos
As propostas serão consolidadas em uma Medida Provisória que será enviada ao Congresso Nacional.
Uma coletiva técnica será realizada ainda nesta segunda-feira (9) para detalhar os impactos e justificativas das mudanças.
PIRACICABA:
Piracicaba possui uma base relevante de investidores de perfil conservador, que tradicionalmente aplicam recursos em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), além de debêntures incentivadas — instrumentos com isenção de Imposto de Renda até então.
Com o fim da isenção para novas aplicações, muitos investidores locais, especialmente aposentados e pequenos poupadores que buscavam segurança e isenção fiscal, poderão reavaliar suas estratégias.
Corretoras e agências bancárias da cidade já devem começar a orientar seus clientes sobre a transição e os novos custos tributários.
O setor empresarial piracicabano, que inclui polos industriais, prestadores de serviço e empresas do agronegócio, também será impactado positivamente com a redução parcial do IOF sobre o crédito.
A medida alivia parte dos custos de financiamento e pode ajudar empresas locais a manter o fluxo de caixa e o investimento em capital de giro, especialmente em um cenário de juros ainda elevados.
Por outro lado, operações de risco sacado, comuns em cadeias de fornecimento, sofreriam forte alta se o governo não tivesse recuado da alíquota elevada.
O corte de 80% nessa alíquota reduz a pressão sobre indústrias e fornecedores locais.
Com o crescimento das apostas esportivas em Piracicaba, especialmente entre o público jovem, o aumento da tributação de 12% para 18% sobre a Gross Gaming Revenue (GGR) pode impactar os retornos das casas de apostas locais e digitais.
A elevação da carga tributária pode ser repassada para o consumidor final, com redução de promoções ou bônus, ou ajustes nas odds oferecidas.