Em outubro de 2024, eu embarcaria em uma aventura digna de filmes americanos, ou seria de dramas chineses? Deixei meu emprego de 5 anos e me mudei para o outro lado do mundo para realizar um MBA no país que possui a segunda maior economia mundial, a China.
Distante a mais de 18.000km de distância de Piracicaba, fica uma ilha no meio do oceano pacifico.
Essa ilha é a província de Hainan, o ponto mais ao sul da China. E por que eu me mudaria para uma ilha na China? Apesar de desconhecida pela maior parte dos brasileiros, é nessa ilha banhada por praias de águas claras e clima tropical que se assemelha ao verão brasileiro que está sendo construído o maior porto de livre comércio da China.
Lançado em 2020 e conhecido como Hainan Free trade port, a iniciativa busca superar a região administrativa de Hong Kong e se tornar até 2035 a maior porta de entrada e saída de mercadorias da China.
Estou morando na ilha há 6 meses e em abril deste ano vivi uma nova experiência.
Desde 2020 a cidade de Haikou, capital de Hainan, realiza a China International Consumer Products Expo como forma de fomentar o desenvolvimento de seu novo porto de livre comércio.
Em 2025, em meio a uma guerra tarifária com os Estados Unidos, o país realizou a quinta edição da feira com a participação de 4 mil empresas provenientes de 71 países diferentes, se consagrando como a maior feira de bens de consumo da Ásia Pacífico.
Eu vi robôs que se parecem com humanos, helicópteros, os famosos produtos de skincare chineses e provei comidas tradicionais.
Mas o mais importante, é que, assim como eu, nesse ano o Brasil estreou sua participação na feira com um estande coordenado pela Invest SP, agência oficial de promoção de investimentos e negócios do estado de São Paulo.
No local, eu encontrei o famoso café brasileiro sendo vendido a 53 reais a cada 50 gramas, chocolate com uva passas e açaí em pó.
O Brasil é a mais de 150 anos o maior produtor mundial de café e o estado de São paulo a terceira maior região produtora do país.
Junta-se a isso o fato de que o consumo de café na China vem crescendo ano a ano e a previsão é que o país se torne o maior consumidor desse grão até 2030.
Então, para mim, a escolha da Invest SP em focar na promoção do café brasileiro faz sentido.
A instituição responsável pela comercialização do café no estande da Invest SP era o Instituto de Trade e Desenvolvimento (IEST).
O café servido no stand era muito saboroso. Prova disso era que os consumidores chineses se aglomeravam para provar o sabor do café brasileiro e apesar do preço alto, compravam várias latas do produto. Mas como brasileira, posso dizer que tem algo que me desapontou.
Apesar do estande representar a região de São Paulo, nenhum brasileiro estava trabalhando no local.
Eu pude notar nesses 6 meses de aventura na China que a presença de brasileiros em solo asiático ainda é escassa.
Arrisco dizer que eu possa ser uma das primeiras piracicabanas, senão a primeira, a pisar na ilha de Hainan.
Na minha opinião, o maior desafio para conseguir aproximar os dois povos é, além das diferenças culturais e a distância geográfica, a desinformação recebida sobre a China nas mídias ocidentais.
Por isso, acredito que meu artigo chegue na hora certa.
A atual guerra tarifária deixou os Estados Unidos e a China ainda mais em evidência nos jornais de todo o mundo.
Espero que esse momento de tensão mundial, faça os brasileiros enxergarem a China com outros olhos.
Não mais o país do “xingling”, mas um país desenvolvido, tecnológico e aberto aos estrangeiros, mesmo aqueles que assim como eu, não falam a língua local.
A China nos convida para uma grande festa, os brasileiros vão aceitar o convite?
Espero vocês na ilha de Hainan.