Texto: Adolpho Queiroz

Os 197 anos da Festa do Divino deste ano começam a ser celebrados no dia 21 de maio, às 9 horas, com a celebração da Missa do Envio das Bandeiras e tem o seu auge no dia 15 de julho com o Encontro das Bandeiras no rio Piracicaba. Na presidência da Irmandade do Divino este ano, o empresário Victor Toti, relembrou em entrevista ao autor, que frequentava a casa de seus avós, próxima a rua do Porto, quando foi se aproximando dos festejos, ainda jovem e nunca mais parou, chegando hoje a ser o piloto e comandante das atividades administrativas e culturais, ao assumir a presidência da Irmandade.

Entre suas vitórias no campo administrativo estão a nova pintura da sede da Irmandade e a reinauguração da Capela do Divino Espírito Santo, que ficou fechada alguns anos. Também sua gestão ficará marcada por conta de uma atividade bem sucedida, em decorrência da pandemia. A realização de uma carreata pelas principais ruas e avenidas de Piracicaba, para divulgar a festa.

Paramos, durante a carreata, nas proximidades das principais igrejas da cidade, em lares de idosos, hospitais e a emoção que se sente, ao subir no caminhão que leva a nossa bandeira é indescritível. Ver as pessoas ajoelhadas nas ruas enquanto a Bandeira do Divino passa, ver pessoas acenando de suas casas ou janelas de apartamentos, trazem uma emoção imensa. É o povo piracicabano aplaudindo a sua maior e mais antiga festa popular”, disse o presidente.

Mesmo após a pandemia, a ideia da carreata vai ser mantida, pois é um momento inigualável de fé e de divulgação para que a população participe da festa quase bicentenária.

No Almanaque de Piracicaba, editado em 1955, encontrei um ensaio assinado folclorista Alceu Maynard de Araújo, provavelmente uma das mais antigas referências às origens e significados da Festa do Divino, ele localiza da origem das festas, em Portugal, no ano de 1765, quando a então Rainha Izabel, esposa de D. Diniz, o Lavrador, rei que plantou os pinheirais de Portugal, mesmo não gostando as atitudes da esposa-rainha de distribuir comida aos pobres, acabava tolerando os atos. Em certa ocasião, desconfiando dos feitos da rainha, pediu que ela abrisse a cesta que levava aos pobres. Ao lhe perguntar o que havia nela, ela teria respondido “rosas”. Ao abrir a cesta para confirmar sua fala, surpresa, rainha e rei depararam-se com um ramo de rosas dentro da cesta, o deu origem a história de “o milagre das rosas”.

Naquele ano de 1955, Maynard acompanhou pessoalmente a festa por aqui, comentando com os amigos e no próprio texto, que o “batelão deste ano estava com pelo menos 90 quilos a mais”, certamente o seu peso na ocasião. Além de ter descrito cada um dos versos cantados ,no ritmo de cururu, com Barbosão na viola, Barbosinha cantando, Zé Felix no pandeiro, mais oito remadores e o popeiro, em versos que diziam mais ou menos o seguinte, escritos no linguajar que hoje chamamos de caipiracicabano:

E seguiu adiante recontando o canto. Num tempo em que a Rua do Porto era chamada como Porto Velho e quem quisesses acompanhar o encontro e subir no batelão, tinha que pagar CR$ 2,00 por pessoa. E não havia legislação proibindo o espocar dos fogos, que mesmo reconhecidos e tombados pelo Patrimônio Histórico, tornaram-se apenas figurativos, sem o estrondo que emocionava.

Programação de 2023

• Dia 28 de maio
  9hs: Missa do Envio das Bandeiras (Dia de Pentecostes)
  A partir das 12 hs: Feijoada na sede da Irmandade. Atração musical, Claudemir e Moises
• Dia 4 de junho
  9.30hs: Dia de Pentecostes, Carreata da Fé, Caminhos do Divino, 4ª edição (Semac)
• Dia 9 de julho
  9hs: Missa da Derrubada e Benção dos Barcos no rio Piracicaba. Congada e Folia do Divino
  A partir das 12hs: almoço (Semac)
• Dias 10,11 e 12 de julho
  Sempre às 20hs: Tríduo Solene na Capela do Divino
• Dia 13 de julho
  A partir das 20hs: Jantar no Largo dos Pescadores, com atração musical (Semac)
• Dia 14 de julho
  A partir das 20hs: Jantar com atração musical, leilão de prendas e queima de fogos (show pirotécnico), com a Banda União Operária (Semac)
• Dia 15 de julho
  A partir das 14hs: Congada no Largo dos Pescadores
  15hs: Procissão do Divino
  16hs: Encontro das Bandeiras e queima de fogos
  17hs: Missa do Encontro das Bandeiras
  20hs: jantar no Largo dos Pescadores, com atração musical (Semac)
• Dia 16 de julho
  9 hs: Procissão de Nossa Senhora da Aparecida
  10hs: Missa de encerramento, Congada e Passagem da Bandeira pelos festeiros atuais, Adolpho Queiroz e Elisabete Bortolin, aos próximos festeiros, Lilian Roberta Sartori e Rafael Protti
  12hs: Almoço com atração musical
  16hs: Encerramento da 197ª Festa do Divino.